quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Não Irei ao Show do BTS

Observação Inicial: Pela falta do que colocar como Tema, achei melhor enfatizar o desespero de uma ARMY.
Final de ano, início de uma nova jornada para a eterna Alice.
Passei um tempo sem saber como iniciar esse registro, é como se meu cérebro tivesse dado uma estagnada, mas tentei não fazê- lo apenas pensando em nota, mas como um diário, com idéias, com referências, com pensamentos sobre os outros sim, mas principalmente com pensamentos sobre o que senti e o que será de mim daqui em diante.
1. A espera:
Foram longas lutas durante o processo de criação e assim também uma ansiedade intensa por ver a apresentação tão perto. Antes estava pensando o que me ocorreria no momento em que estivesse apresentando, se eu sentiria algo específico, algo que pudesse tomar como um registro de primeiro espetáculo com a turma Ac2, mas na verdade o que aconteceu foi... quase um nada, quase uma estafa, um cansaço ou melhor um momento no vazio esperando chegar numa partícula no espaço- tempo, que pudesse me trazer algo específico, uma explicação. Foi tudo tão rápido e pareceu um pouco automático, é como se houvesse um outro eu e esse eu estava apenas me observando durante todo aquele momento, posso dizer isso por conta de uma cena, a 12. Enquanto me deslizava na parede com um suspiro mais indecente, vi- me diante de mim mesma, me analisando com um rosto frio... eu já sabia que durante a apresentação tudo pareceria muito mais rápido, pois já experienciei esse processo em espetáculos de dança, mas a sensação de vazio não era esperada, o que era esperado por mim era explosão sorridente com um ar de UAU, foi demais!!! No entanto, quando percebi já estava em casa, sentada no canto da cama, sem qualquer reação, apenas fiquei olhando para o nada, recebendo essa sensação louca que me preencheu, fui interrompida pelo marcelo, que perguntou se estava tudo bem, e, eu lhe disse que não conseguia entender, porque parecia que minha mente falava, e agora? Você já chegou num ponto desses, em que depois da explosão em palco a sua mente e corpo fica num êxtase tentando se achar no tempo e se perguntando o que acontecerá depois disso, sem um propósito. Foi isso que senti.

2. Aberturinha: Foi um processo, em parte, muito doloroso, pois eu tinha muitos objetivos ainda para tentar alcançar, mas lidar com o ser humano requer muita paciência e lidar com criança requer mais ainda,... lidar com criança é como se você andasse numa corda bamba, aonde todo cuidado é pouco, aonde qualquer coisa pode gerar um furacão de confusões. Tudo parecia estar fluindo, vi Hiago querer brincar, sorrir mais; vi Marcely falar mais alto nos jogos, se dar a chance de fazer parte do grupo de precisar brigar... Porém, vi Luma mudar completamente a ponto de não conseguir encontrar algo que pudesse amenizar a situação... Quando estava estagiando física no ensino médio, as crianças também não eram fáceis, mas percebo uma diferença imensa relacionada não apenas a comunidade e contexto social, mas estados diferentes também, políticas diferentes,... então percebo uma violência muito forte aqui e essa violência se instaura nas lembranças dessas crianças, que já chegam na escola com uma carga da realidade muito grande. Lembro- me que uma das principais frases da professora e supervisora ao conversar comigo foi, aqui a gente tenta tirar tudo o que remeta violência e tenta buscar o que é da criança, brincadeiras de criança para que elas fujam o máximo possível dos problemas em casa.
A sugestão de Arruda foi para analisar se de repente essa violência, essa raiva trabalhada em cena pode na verdade ser uma maneira de não só extravasar o sentimento do aluno, mas também ajuda- lo a dialogar com isso, trazer para a cena de modo positivo. Logo no início fiquei pensando bastante sobre isso, tendo em conta o propósito de distanciar o aluno desse meio, até que ponto essa nova abordagem seria positiva? Eu deveria tentar partir dessa estratégia? Suponhamos que a utilização de uma dramaturgia mais intensa, com referências de crimes, detetive, ou como Arruda mesmo mencionou, Irmãos Grimm. Mesmo que eu tenha tentado no dia e não deu certo, pode ser que eu tenha iniciado essa tentativa de uma maneira errada, o meu ex- orientador Dr. João Neto, de Física adorava física quântica e me passou uma vez vários DVD's que me ajudaram a reger princípios sobre dimensões, humanidade, galáxias e enfim tantas outras abordagens, e penso numa teoria muito interessante, sobre as várias dimensões possíveis dentro de um plano, o plano que conhecemos tem três dimensões, como um plano básico, muito estudado no ensino médio, então temos X, Y, Z, um exemplo comum desse plano tridimensional são os filmes que costumamos ver em 3D no cinema, porém estamos tão acostumados com esse plano que seria muito difícil aos nossos olhos visualizar algo além dessas 3 dimensões, mas a questão é que há mais do que as 3, então se nos deixarmos ampliar nosso campo de visão sobre essa teoria, poderemos ver que vai além de 6 Dimensões, como propõem alguns cinemas de maneira ainda muito supérflua infelizmente. O que quero dizer com tudo isso é que, um mesmo objeto pode ser interpretado em vários pontos de vista ou melhor falando sobre vários ângulos, isso explicaria por exemplo, como dentro de uma sala, uma citação pode ser interpretada de maneira tão distinta por cada aluno. Ainda a partir deste princípio, um físico pode testar vários ângulos para se chegar num fundamento, o mais aproximado da resposta estatisticamente. Como mencionou o Prof. e Diretor Marcelo Ferreira, na VI Abertura de Processo de Criação Cênica, você nunca vai satisfazer um público inteiro diante de uma obra, mas você pode tocar essa pessoa, ela sairá afetada de algum modo, talvez seja por não entender, talvez seja por saber que o autor quis passar algo com isso, gerando reflexão ou talvez por não ter gostado de nada, e isso não deixa de ser um afeto.

...“a criança emprega suas mágicas usando Metamorfoses múltiplas, Só ela dispõe tão bem da capacidade de estabelecer semelhanças. Esse dom a separa dos adultos, cuja imaginação se encontra tão bem adaptada à realidade”, adaptação que pode levar à perda do potencial libertador que tem a palavra. Torna-se, então, necessário, reinventar a própria linguagem ou recuperar algo nela que está perdido. (SCOTTON, P.05)


Porque o mundo mudou a tal ponto, grande é o desafio de trazer o olhar da criança para o que realmente seja da infância.



3. Novas pessoas, novas abordagens, novos conhecimentos: Recentemente fui chamada para participar na pesquisa de Brenda Perim, caí de supetão num grupo novo, então a princípio me senti estranhamente tímida, mais do que costumo ser quando estou conhecendo novas pessoas. O receio de falar era maior, por imaginar que a ideia não seria bem vinda, mas cada componente em suas particularidades fez com que eu fosse me sentindo mais tranquila naquele ambiente. Ser escolhida para um papel de criança em em contra ponto com 25 anos de idade me faz pensar que o Marcelo, meu companheiro, está certo, há algo em mim que não foi perdido, falo isso de maneira cômica pois tento não ser infantil, mas aos olhos de pessoas mais íntimas sou completamente infantil. 


      
      Afinal de contas o que é ser infantil? Ser infantil é acreditar absurdamente em coisas que aos olhos de outros seja impossível? Ser infantil é sorrir por nada? Brincar demais ou se aborrecer por nada? Ser infantil se destina apenas a um rosto ou corpo de criança? Eu costumo dizer aos meus amigos que o casamento me deixou mais séria, e ainda assim dizem que pareço uma criança, como por exemplo no show que Victor Barros fez, lá estava eu como uma boba pulando na cadeira diante de mágicas que poderiam ser facilmente explicadas.. tá mas eu não queria saber como explicar a mágica porque naquele momento o que importava era que a garrafa de coca- cola sumiu diante meus olhos. Eu digo que perdi muito da criança dentro de mim, pois quando morava com minha família havia uma bagunça sem fim, imagine um monte de gente falando ao mesmo tempo, rindo por coisas absurdas, jurando amores por artistas que provavelmente não irão ver de perto em toda a sua vida,... cantar, dançar na sala na frente da tv, beijar a tv e brigar por cantores,... jogar queimada, barra- bandeira, pique esconde, jemerson, tacobol, pular corda, brincar de elástico, todas juntas, sentar na frente de casa quando falta a energia e cantar laranja- madura, contar estrelas,... Há algo que me atingiu muito no projeto de Brenda Perim, ela sugeriu que a menina é  apaixonada pela lua, quando ela disse isso eu sofri uma catarse, de repente me vi na janela do meu pequeno quarto, eu costumava deitar no chão com os pés para cima, encostados na grade da imensa janela, que me deixava apreciar madrugada a fora toda a beleza do grande e inatingível céu e completando toda a beleza noturna, 



      lá estava ela, a lua, linda, inigualável e sempre tão misteriosa. E, por tantas noites eu fazia juras, não por conta da lua num sentido denotativo, mas por uma lembrança em especial, do amigo que perdi e que sempre falava muito dela, antes dele morrer lembro de ter me chamado de enamorada e que a lua representava os enamorados, talvez não haja qualquer sentido no que ele disse, mas para mim, naquele momento e por conta de toda a história que meu amigo construiu comigo, eu a tornei minha enamorada para que assim eu me sentisse mais tranquilizada pela falta que Vasquez me fazia. Isso sempre foi muito forte em mim porque ele dizia ser alguem que se sentia mais calmo a noite, ... Vasquez nas sombras.. ele dizia ser obscuro e tinha até um rosto que combina com a escuridão, mas na verdade ele era mais brilhante do que poderia se quer imaginar. Pensando dessa forma sobre a lua, e o amor puro que sempre guardei comigo, nunca me senti tão bem fazendo algo como tenho me sentido com o grupo de atores no projeto de Brenda Perim. Já faltando alguns dias para finalizar esse período, percebi minha voz fazendo parte de algo, mais tranquilidade para falar com todos, menos nervosa e comprometida. Algumas abordagens e métodos que apareceram tem sido fundamentais para refletir também em minha pesquisa. Enfatizando, dessa maneira a Política do E, percebi que a voz pode completar o que tenho procurado na performance, isso pode ter aparecido talvez pelo fato de que minha voz também tem- se feito mais presente e porque percebi que o corpo parecia muito solitário sem a voz, como posso explicar isso? um corpo com ou  sem voz? Temos debatido muito essas questões recentemente. Num dos ensaios do projeto Hibridização resolvi colocar a voz como estrutura na composição dos arranjos, elaborei o jogo Corpo de e Voz de, isso porque percebi na atriz Kelly Carvalho, durante o processo de criação do Espetáculo Alice, que seu corpo tinha presença de palco, mas faltava algo que eu não sabia dela enquanto contribuição no projeto, ela tem um certo receio e medo de mostrar o potencial, por isso fui com calma,.. primeiro analisei muito, fui perguntando aos poucos, pois mantemos um relacionamento enquanto amigas e enquanto pesquisadora e amiga, então, quando chegou o momento do jogo, quis testar o que sairia na voz, se sairia uma contraposição em relação ao corpo do ator, que figura poderia ser formada ali?
A princípio, todos os atores fizeram o procedimento comum de aquecer o corpo, no ponto zero, procurando alongar os músculos, pedi que procurassem posições desconfortáveis dentro de um círculo imaginário seguindo a pesquisa pessoal com os princípios de furar, torcer, beslicar, num determinado momento pedi que aos poucos fossem encontrando um espaço específico para que fosse formado novamente esse esboço dentro do círculo, e, após encontrarem, iniciei comandos.
Sandra Chagas- Assobio
Kelly Carvalho- Urbanização
Caio Pereira- Rituais
Todos esses como comandos sonoros e aos poucos pedi que se deixasse levar o corpo por esses comandos. Num determinado momento pedi que fizessem o campo de visão tendo Caio Pereira como líder, mas o campo de visão não se limitaria mais somente como campo de visão mas também como campo de audição. Estranhamente, vi um certo receio em Kelly e Sandra ao exercer o campo de audição e queria entender o porque? Então vi a necessidade de introduzir regras e a primeira delas era a de deixar o som fluir com mais intensidade. Acrescentei então mais comandos, como o Corpo de Escritório e Voz de Rituais e não consegui mais enxergar pulsão, mudei a voz para voz de zoológico e especifiquei o corpo para Rotina de escritório e que os atores fizessem uma transição de pesquisa pessoal para ação sobre o outro. Os atores mudavam os sons constantemente até que uma imagem se formou. Percebi um possível desdobramento vendo aqueles corpos cotidianos com vozes animalescas, que me pareceram o homem numa ilusão criada pela rotina do trabalho, porém em seu modo mais absurdo e real num contexto pré- histórico, como um "animal racional".
Deixei rolar o que poderia se tornar um jogo.
Sandra Chagas- Voz de Carneiro
Caio Pereira- Rosnados 
Kelly Carvalho- Papagaio
Sandra possui uma memória afetiva muito forte já construída em seu eu e pareceu estar a princípio incomodada com a novidade, mas na minha visão era exatamente isso que poderia estar faltando, esse incômodo que foi se desenhando aos poucos como um corpo estranhado, finalmente eu o havia encontrado.
Kelly tem uma potência incrível que ainda está se construindo, no início ainda parecia bem receosa e cada mudança na composição corporal parecia muito tensa, então resolvi brincar com a figura que se formava durante esse jogo, dando o comando de sotaque japonês com voz de zoológico e traços de gorila junto ao corpo de escritório, sendo que a composição de sons num determinado tom, frequencia e intensidade que eram formadas não poderia passar de quatro vez durante a fala, ou seja, era sempre modificada a composição de voz que se formava. Eu a deixei aflita pois a todo momento de interrupção por caio ou Sandra, conseguia perceber sua procura pela próxima composição e então finalmente pude vê- la num corpo diferente dos outros que costumava apresentar, fosse em pesquisa pessoal no grupo ou em sala de aula.
Caio Pereira mencionou que não se sente muito a vontade em deixar fluir a voz e ainda assim foi alem de seus limites buscando sons muito onomatopeicos, com muita potência, eu diria que sinto apenas uma ausência de riso. Me envolvo muito com o lado primitivo que costuma trazer para o corpo em composição... penso que posso não ter visualizado ainda algo que poderia ser muito potente enquanto arranjo para a construção da figura que chamei esse ser híbrido a priori, que irá se formando. 
4. Sobre a Apresentação de Hibridização: Por conta dos problemas que ocorreram na aberturinha em relação a mau entendimento de conversas, transporte e horários decidi chegar bem mais cedo com o grupo para organizar as pinturas no chão, jogo de luzes e aquecimento para deixar o ator mais energético e pulsante. Mas, nada depende somente da gente, infelizmente a pessoa responsável chegou apenas mais tarde, o que não apenas gerou atraso na apresentação, como também tensão no elenco, que se sentiu sozinho diante do processo. Kelly de início já levou uma queda horrível do palco, nesse momento pensei que ela teria levado sequelas maiores fosse no joelho ou tronco, mas, por sorte ela não sofreu nenhuma fratura ou trauma, apenas inchaço no joelho. Sandra também não parecia estar em seu melhor estado e Caio ainda teria uma sequencia de trabalhos a noite. A escolha dos Desenhos em tinta no chão: Tendo forte influência de Jan Fabre como um dos primeiros teatrólogos a me encantar em seus trabalhos que denotam muita metamorfose, muito estranhamento durante a metamorfose e hibridização, assim como a carne, as cores prevalecidas em performances, acabei me apropriando de uma ideia muito peculiar que surgiu enquanto assistia uma das performances sob sua direção. A ideia é a tinta vista no performer como um ser miscigenado, um ser afetado por um multiculturalismo.. daí o princípio ser sem tinta e aos poucos ser afetado. Creio que a orientação após a apresentação foi de extrema importância, principalmente por conta do que havia visualizado anteriormente no processo de pesquisa, o interessante nisso tudo foi o que meu marido disse, fascinado por Arruda... Eu vi ela alí e tudo o que ela dizia era intenso e com muita propriedade, como uma verdadeira pesquisadora e pensei, meu amor você está bem encaminhada. Foi bom poder escutar dele, pois há algum tempo atrás, sem o conhecimento do que eu vivia, essa ideia sobre o projeto e sobre o curso era completamente diferente, era apenas mais uma opinião como tantos que não entendem esse doar do ator nessa área.. é uma doação da alma e que nem todos conseguem, falo por mim em saber o quanto tem sido doloroso psicologicamente, pessoalmente e socialmente falando, tendo inclusive muito a doar, pois meu conhecimento ainda é tão pouco diante de uma imensidão que é esse mundo.
      Fabre, em sua operação na hibridização, diferentemente da justaposição e da complementação, não é de interação entre formas artísticas, mas de transformação daquilo que cada arte conhece de si. (...) Os elementos originários não podem sobreviver sem se modificarem, porque as alterações ocorrem na estrutura dos processos de codificação. (ROMANO, 2005, p.41)
   A citação de Romano me faz relembrar uma das orientações quanto à musica durante a apresentação, como algo solto, como um processo sem regras mais aprofundadas, os bastões foram o ponto forte, com ressignificados, dando espaço para a hibridização, mas a música já retomava a diferença entre raças, a música trazia algo muito próprio fosse do indio, do negro ou demais raças...

Hibridização Teatral
       Para a Tribuna Livre, a proposição surgiu em cima da hora e do nada, na verdade muitos queriam participar mas não faziam ideia do que poderiam apresentar, então num dia comum recebi uma mensagem de Allan Maykson, cujo texto como tema Se não quiser adoecer, de autoria do Dr. Drauzio Varella descrevia sob itens várias maneiras que incluiam não ser vaidoso demais, ter mais espiritualidade, acreditar mais em si entre outras questões e pareceu simplesmente interessante para se fazer algo. Por conta do curto espaço do tempo, não pudemos fazer como realmente visualizava. A ideia base era que houvesse um vídeo passando enquanto executávamos as performances, dialogando sob duas imagens. No vídeo iniciaríamos uma linha do tempo de pessoas diversificadas, aonde apresentaria desde o nascimento do bebê até as doenças, inimizades, vícios que levariam aos poucos, à morte. Mas nunca conseguíamos encontrar todo o elenco junto e tudo parecia muito complicado por conta de outras apresentações que aconteciam em paralelo. Mas, esse processo de criação, que acredito que não tenha deixado de ser de criação, pois trabalhamos em cima dos temas, com o intrateatro e ação e reação, assim como repetição pela escrita que serviria como pulsão para o corpo,, por fim, se constituiu num belíssimo encontro com um grupo que não parava de rir, discutir e se unir mais. Por vezes me sinto muito sozinha em sala e na maioria das vezes acabo ficando mais ao lado de Allan, que desde o início foi a pessoa com quem me senti mais à vontade para conversar e falar sobre diversos assuntos,... mas quando não há o allan, eu me vejo muito sozinha, meio que forever alone... e sentimental como sou me vi em casa, triste e mórbida, mas Marcelo conversou comigo e disse que se sentia um pouco culpado, e que me ajudaria mais nesse processo, tentando se socializar mais também com meus amigos, tentando comparecer aos eventos comigo, ele pediu que eu me sentisse mais a vontade para brincar com as pessoas, e então diante desse grupo, em meio aos cortes pesados e muitas outras baboseiras me vi mais solta. Durante muitas reflexões chego a pensar que não nasci para ficar na tv ou em palco, por conta de meu estereótipo e sim, isso iria totalmente contra argumentos que tomei como base a partir de Huapaya e Passabon, mas me vi apenas como alguém que não seria escolhida com facilidade, por meus olhos, por meu nome ou algo parecido. E, marcelo manifestou- se novamente, dizendo- me que só eu posso quebrar esse tipo de barreira, só eu posso ser a pessoa que irá na frente com toda a força e sem nada a perder, pois eu já me adiantei declarando não ter nada, então o que realmente teria a perder? Marcelo tem sido mais que companheiro, tem sido uma mãe que acalenta seu filho... e isso me destrói um pouco por dentro, pois queria não ter que cair assim em sua frente. Mas, com todas essas palavras e acrescentando mais um pouco ele procedeu, você não pode no palco? acha que não pode. Você sempre amou o palco e lutou contra a família e contra mim, não se desvalorize de modo tão absurdo por nada. Bem, esse foi meu desespero por estar desempregada, sem poder ajuda- lo como gostaria, esse foi o desespero refletido em mim pelo país desorganizado em que vivemos... O fato é que depois de toda essa discussão de auto- motivação, pude me sentir mais a vontade com meus amigos, inclusive com o pessoal do projeto de Brenda Perim, com o grupo de Judô e capoeira, e isso é bom, pois acredito que se eu continuasse me diminuindo demais poderia trazer sérias consequências em meu comprometimento com todas as famílias nas quais estou inserida.
     A direção da performance, eu sinto que não foi apenas minha, pois a todo momento eu pedia auxílio de meus amigos. Mas, como iniciei a criação e os motivei, todos disseram que eu era a diretora.

Performance Se não quiser adoecer
Desde o início eu queria colocar balões, isso porque adoro o colorido que se forma no chão, adoro tinta, adoro balão, adoro lã, palavras jogadas no chão em folhas, acho esses materiais incríveis para a construção de cenas e o barulho que faz quando espoca, me faz pensar explosões de fogos de artifício, em por fim ou começo em histórias, enfim...


      Bem, Katy Perry apareceu para brilhar em meu coração que é muito sentimental e bobo, então eu precisava expressar isso de algum modo. Então eis a música aí em cima.

    O final não saiu como combinado, mas deixamos por conta do improviso exatamente por ter havido erros técnicos na hora de nosso grupo ensaiar. Como não pudemos treinar o final com a música Bel Air de Lana Del Rey, o elenco não sabia que na verdade seria até o final da canção e por conta disso não chegaram a fazer a troca energética e somente depois levar o balão para frente, contar os 5 s e estourar para poder jogar para a plateia. No fim das contas, jogamos os balões o todos entenderam que era para estourar, então saiu como queríamos.

Teatro Medieval
      Durante a criação rimos do início ao fim, rimos porque escolhemos o Teatro Medieval sem nem saber exatamente porque, simplesmente todos queriam Commedia Dell' Art mas o grupo que conseguiu gritar primeiro ficou com o tema. Pessoalmente não vejo nenhum mal em relação ao estudo do teatro medieval, Como desde o início me engajei nas pesquisas e sugeri ideias, elas acabaram fazendo sentido e prevalecendo, mas não foram todas minhas, como por exemplo, o padre falando latim foi uma super proposição de Thiago, que possui experiência relacionada a bufonaria, allan no improviso conseguiu a transição que tanto nos assustava para a cena dos bufões e histriões, mari com o santinho de cabeça pra baixo sendo meiga como sempre, Brenda esbanjando seu charme durante o encontro com o enamorado no palco simultâneo, a super ideia de Mari ao lembrar de pedirmos desculpas e falar logo no início a diferença entre o ator e personagem e Isa, sempre organizada, elaborando todos os esboços com transições de cena. Realmente foi muito proveitoso. 

5. Momento DP:


    Ok, depois de todo o esforço gratificante de ter conseguido, junto à turma AC2 e direção de Arruda, apresentar o espetáculo tão cheio de intempéries, gostaria de passar minhas férias em Manaus,... NÂO! MENTIRA! Na verdade estou sofrendo lágrimas de sangue por saber que meu Monster estará em são paulo, BTS, que depressão, show deles em São Paulo, tão perto de mim meus rostinhos de anime, meus falsos paraenses, que ódio profundo aterroriza meu coração! Não poderei ir ao show e nem posso rodar bolsinha, sim, isso é apenas depressão que carregarei para a vida. Isso explica que idade não significa nada, isso explica que amo demais meus Coreias e inclusive minha eterna Gil Ra Im, Ha Ji Won entregando o prêmio... é muita emoção para uma só mente jizuiz. E, para não dizer que não tiro qualquer proveito para minha área, achei o MV deles absolutamente incrível e contemporâneo em tantos aspectos.


  O que pude tirar de associação de imagens e possíveis construções na mimese, já começo som essa associação.
A 'Pietá' do artista belga Jan Fabre, com rosto da morte (620) (Pat Verbruggen/EFE/VEJA)
  Desde que vi esse MV maravilhoso, percebi em detalhes como as asas, a faixa preta, reconstituição de cena, a utilização de estátuas humanas, o beijo na estátua, a associação da mesa em Alice, enfim, um trabalho cheio de pontos positivos e a serem lembrados para outros momentos. BTS Saranghae (Te amo) Jimin!! 
Só para deixar claro, chamo de falsos paraenses por conta da melodia lembrar bastante o tecnobrega do pará, mas a verdade é que essa música é demais!! Incluindo a melodia!

8. Sobre outros pontos:

Pensei sobre o sentido básico do leque e a reconstrução de seu significado, como por exemplo, a utilização de bastões que se desmembrou em outro sentido.

Percebi uma influencia muito grande do super marionete no teatro oriental, mas por não saber bem a respeito, ainda não ouso especular, a mudança de plano, a maneira como o corpo se posiciona no espaço e a forma que toma, além de algo fundamental, a cenografia.

A posição da iluminação resultou num efeito sombra lindo, além do pequeno balcão, compondo um estilo de palco, a presença de pessoas sentadas me lembraram muito a composição do público dentro como parte do processo, como na apresentação de Hibridização.

Os bonecos, não sei como ainda, mas essa imagem, eu a acho muito importante, algo que pode ser elaborado de algum modo na composição de cena.

E por fim e não menos importante, as referências.

http://veja.abril.com.br/entretenimento/releitura-da-pieta-com-a-face-da-morte-ofusca-bienal-de-veneza/
LAURENTINO, Maria Cecília da Silva/ MELO, Vanessa Batista de. O Brincar nas Perspectivas: Freudiana, Kleiniana e Winnicottiana. Psicologado, Março, 2015.
SIMÕES, Daniel Furtado da Silva. O Ator e o Personagem: Variações e Limites no Teatro Contemporâneo. Belo Horizonte, 2013.
TELLES, Narciso/ FERREIRA, Marcella Prado. Criação e Cena Contemporânea: Possibilidades de Ação Vocal a Partir dos View- Points. João Pessoa, Vol.02, 2011.