quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Porco e Pimenta

Cena 06


O Bebê chora sem parar enquanto a duquesa canta e quando ela soluça o bebê soluça juntamente, e a cozinheira uma imensidão de palavras internalizadas e externalizadas.

A Cena ¨6- PORCO E PIMENTA, contém uma variedade de situações em que tivemos de recorrer à ruídos distintos, através da pesquisa dos atores. Acima, especifiquei a confusão em que se passa a casa da duquesa, enquanto Alice inicia um diálogo com a mesma. Por conta de personagens um tanto animalescos, como os berros contínuos entre duquesa, bebê porco e cozinheiros, acabamos por aproveitar da situação e utilizar a voz dos atores para a imitação do porco (Diogo) e Bebê (Alberto). 
BELO, sobre a importância da voz do ator, diz que encontrar intenções, emoções, entoações em que a vocalidade se desenha no espaço cênico juntamente com o gesto, com o movimento e a partir de ideias sugeridas por esse mesmo texto ou procurando um grande contraste com este. 
Durante a criação da cena, por vezes escutamos a palavra, "novamente", isso porque são feitos muitos testes, é realizada uma minuciosa pesquisa em cada detalhe. Após todas as repetições, chegou- se numa possível resposta. Um exemplo disso é a minha fala como coriféia:

Não Aguento mais!!
ish, pera aí..
Vô fudê essa essa merda ou ela quer sopa? Toma sopa!
Mais, mais, mais.. Ela tá pensando que eu sou escrava dela?
Toma essa merda (Respingando nos outros)
Que Porcaria! ou Ah! Perfeito!
Toma essa merda. ou Tá bom de pimenta pra você?
Tenho que ir mais rápido
(Olha para a Duquesa) É uma vaca!
Falta mais o que?
Cebola, Pimenta, Coentro, Alface, Tomate, macarrão, pepino, manjericão!!!
Preciso Consertar
Vai queimar!
E agora?

Iniciamos a fala sendo repetida em vários momentos na cena e a finalizamos sendo dita uma única vez e posteriormente sendo internalizada praticamente como uma fala interna, basicamente o que percebe- se é a fala interna sendo dialogada através do campo de visão em cada canto do palco. quando imaginei essa cena não a interpretei do mesmo modo. Minha concepção era a de que ficariam realmente os cozinheiros nas laterais da plateia, porém, seriam feitas alternâncias de modificações dentro de cada esboço formado no espaço de cada ator, algo completamente coreografado de acordo com as falas da duquesa. Por exemplo, há um momento em que a duquesa grita "Cortem- lhe a cabeça", mas a cozinheira continua fazendo a sopa sem dar a mínima. Imagino uma cozinheira estilo sillent hill, com algo que lhe faça movimentar- se, mas não que ela deva ficar parada, e sim que ela alterne entre ficar de frente para a plateia e de costas. Virando em situações críticas, como por exemplo os gritos da duquesa, ou quando o bebê parasse de chorar para que fosse algo parecido com bicho papão. 




Creio que as máscaras idealizadas por Arruda são perfeitas como elemento de estranhamento, integram ao personagem um aspecto que alterna entre o macabro e inocente.


A máscara abafa um pouco o som da voz do ator, logo, teremos um bom trabalho pela frente, tendo em conta a acústica do teatro em que a encenação ocorrerá.
O Ator tem de estar preparado para responder a uma série de diferentes pressupostos ou propostas. É lhe pedido que cante, mas que também fale e faça muitas outras coisas com a voz, que tenha a veracidade do performer, mas que repita isso todos os dias até o fim da carreira do espetáculo. (BELO, p. 04)
Há um momento em que foi testado sussurro dos cozinheiros, ainda não tenho certeza se daremos continuidade com sussurros, mas em minha visão, gerou poética, sendo feito apenas por uma pessoa e com a máscara abafando, tornasse quase inaudível, mas com todos o exercendo ao mesmo tempo, ficaria lindo. Creio que o que nos compromete mais é exatamente o inimigo de todos- O Tempo.

A Duquesa

Porqueira!!
Espanca de forma violenta teu filho, Se espirrar, Ele sabe que isso atormenta, E quer nos irritar.
Irra! Irra!

Segundo BELO, Ao sair da boca, a voz dá à palavra uma vida própria, dá- lhe corpo, a palavra passa a ser daquela voz, daquele timbre, daquela entonação (...) O volume, o timbre, a colocação, a articulação e tantos outros, determinam o impacto sonoro que a voz terá no seu interlocutor. (p. 5)
A duquesa é um dos personagens mais alucinantes, particularmente lhe atribuo isso, por conta de Allan ter dado vida esse personagem, vi sutileza em contraposição com raiva e melancolia. Allan parece ter nascido para esse personagem, a maneira como sua canção e voz se apropriou das palavras cantadas pela duquesa, gerou uma personalidade muito singular à mesma. Por isso, percebe- se a importância do treino e jogo com volume, timbre e tantos outros mencionados acima, por BELO. O ator que se dá o prazer de treinar mais sua voz, torna- se mais consciente de sua potência. Isso remete- me inclusive Ispinoza, ao falar sobre a maneira como flui através do corpo a quantidade de afeto. Se analisarmos em relação à voz, vê- se uma semelhança. Supomos o início de um diálogo entre dois personagens, um deles, ao falar uma frase, a inicia esbanjando com sutileza cada palavra e de repente muda sua frequência, deixando- a com uma personalidade mais grotesca- remetendo à personalidade bipolar, o que nos faz caracterizar o personagem como arrogante ou estúpido, entre outros.
Destaco abaixo um exercício que BELO realiza em suas aulas com os alunos, que me pareceu bem interessante. A ponto de pensa- lo não apenas em fazer o exercício seguindo cada instrução, mas alternando com a técnica Meisner. 
- Desenhar o texto tendo em conta os contornos das entoações, ou, desenhar ao lado do texto as curvas sonoras. BELO menciona a importância desse estudo tendo em conta uma pesquisa minuciosa em prol desse método, elaborada por DELGADO, que investigou a percepção da entoação, analisando acusticamente diversas formas de entoação de uma frase. Essa pesquisa envolve um trabalho minucioso do ator em relação as entoações, por ter em conta durante o procedimento, as emoções e intenções que definem cada uma. Penso que se colocada em paralelo à tecnica Meisner, o ator verá várias facetas em posição e contraposição aos personagens e ao que o mesmo quer transmitir. 
AMORIM, a respeito, menciona que o ator precisa aprofundar os estudos a respeito de seu personagem,os modos como são elaborados seus pensamentos, estados emotivos, a construção de imagens para o momento em que executar como ação cênica física e sonora.

Abaixo compartilhei o vídeo do professor Gustavo Tassi, que explica alguns treinos de respiração para melhorar a frequência da voz. Pode parecer estranho no início, mas eu esse professor realmente diferencia- se de muitos ao ensinar. Tenho iniciado os treinamentos e isso tem me ajudado com relação à minha respiração, principalmente pelo fato de sofrer de várias doenças crônicas que atrapalham as minhas vias nasais. Eu realmente sinto muita vontade de cantar e tocar muitos instrumentos, espero ter a oportunidade de aprender muito ainda com o tempo. Não tem muito a ver com o discurso anterior, mas durante as aulas no estágio, tive a oportunidade de tocar um pouco de macunlelê com o professor Ricardo, de matemética, e me senti uma criança que havia acabado de ganhar um presente, eu nunca havia tocado, quando pratiquei capoeira, ainda era criança e só saí porque minha mãe queria me dar um castigo mais severo e escolheu a capoeira, mas dessa vez tive a oportunidade de rever os instrumentos e aprender algumas batidas, realmente fiquei emocionada, tive uma catarse. 




O vídeo abaixo faz parte da pesquisa de um dos personagens que interpretarei. É uma banda de Rock Japonesa chamada Baby Metal. Elas são muito incríveis tanto em relação às músicas quanto aos MVs, geralmente há muitos elementos de estranhamento em seus mvs. A gueixa com a máscara e o leque, achei realmente incrível, e o vestido que estão usando me fez pensar muito no lado sombrio e infantil como uma transição de uma das sombras. 



Claro que no Japão o vermelho é algo que está intrínseco, não sei, em nós. Tudo tem algum detalhe de vermelho. A Banda BAND- MAID, não conheço muito ainda, mas usa uns figurinos muito bons nos MVs.


Na DOLL BOXX, a Fuki, cabelo azul, utiliza um vestido que me fez pensar nas alices da Cena 4, apesar de termos de pensar em Alices cinzas, essa ideia ainda parece um pouco abstrata em minhas pesquisas;





REFERÊNCIAS

AMORIM,Geová Oliveira de/ MOTTA, Lígia/ GAIOTTO, Lucia Helena. A Voz do Ator de Teatro. 2013;
BELO, Sara. A Voz na Criação Cênica- Reflexões Sobre a Vocalidade do Ator. vol. 02, 2011;

Nenhum comentário:

Postar um comentário