Análise dos procedimentos para Composição e Interpretação do corpo para o Personagem com Base nas aulas de Corpo III
RESUMO
Olhares se encontram, alguns
penetrantes e tomados por sua energia e outros enérgicos e dissociados. Há um
possível choque entre as pessoas que ali se encontram e a entrega delas frente
ao novo. Ter de entregar- se por completo, num determinado ponto pode ser uma
limitação comum. Parto das aulas práticas e teóricas desenvolvidas por Couto,
fazendo uma análise sobre como tenho experenciado o novo, além de salientar
sobre a relação do corpo diante do incômodo como algo que a princípio limita o
ator. Mas, que diante da entrega pode encontrar inúmeros desdobramentos para a interpretação
e composição do corpo para a criação do personagem.
Análise dos procedimentos
para Composição e Interpretação do corpo para o Personagem com Base nas aulas
de Corpo III
Ultimamente, a palavra
“incômodo” têm- se feito muito presente em nossa turma. Isso porque chegamos
num momento do curso em que novas visões são testadas, novos procedimentos que
não estão ali para excluir ou minimizar outros, pelo contrário, estão ali para
somar, também se fazem necessários.
"As
artes" - escreveu Decroux - "se parecem em seus princípios, não em
suas obras". Poderíamos acrescentar que também os atores não se assemelham
em suas técnicas, mas em seus princípios. (BARBA,
p. 29, 1994)
Sob direção de Couto,
estamos tendo a oportunidade de exercer o treinamento corporal, bem como a
interpretação a partir de novas técnicas, novas em relação ao nosso
conhecimento enquanto alunos. Como por exemplo o Points of contact, o Gesto
Psicológico (GP), a Imaginação e Incorporação de Imagens entre outros. Ainda
assim, por vezes, algumas das técnicas se relacionam com as estudadas
anteriormente. Enfatizo isso por pensar no trabalho do ator, tendo em conta a
Política do “E” como menciona Arruda:
Cada pedagogo
parece fazer valer sua práxis ao explicitar uma diferença para com todos os
outros. Os diferentes discursos teóricos são reafirmados ao fazerem jus a
certas estéticas que (enquanto efeito destes discursos) são diferentes de todas
as outras. Assim, o pedagogo (que é também diretor) faz valer seu estilo. (p.
1- 2, 2015)
A abordagem de novos
procedimentos e técnicas se faz necessários, pois um profissional não apenas se
faz valer de uma nova técnica, e sim de um processo contínuo de aprendizado,
sendo capaz de desenvolver, no decorrer do tempo, suas próprias técnicas. É
necessário se deixar fazer parte de algo maior, aprender a aprender, sem fixar
a mente numa única técnica, o ator se desconstrói e abre seu olhar, a mente é
levada para o caos e aos poucos esse caos começa a fazer sentido, porque de
certo modo, mesmo o caos é capaz de conter uma organização, cabe ao meu olhar
como ator, encontrar os pontos certos em meio ao caos e partir do mesmo para
recomeçar. No início de uma pesquisa pessoal, o corpo, mesmo diante de algum
comando, ainda não tem forma, essa é minha concepção, ele busca aos poucos a
forma e somente assim, depois de achada, vem a pesquisa da forma corporal que
ali vai se desenvolvendo, e depois vem a partitura. Mesmo para a imaginação de
uma imagem, não nos é imaginado algo fixo, porque quando lemos ou pensamos ou
falamos algo, uma palavra é relacionada a infinitos significados e situações, e
a partir do diálogo que desenvolvemos diante da pesquisa, irão se formando
estruturas mais concisas que esbocem aos poucos essa imagem, ou, no caso do GP,
é nos dado um comando, tendo em conta um personagem ou não, ainda é nos dado um
comando, seja pelo diretor ou por nós mesmos, pois primeiro visualizamos algo
que vai sendo desenhado pelo corpo, mesmo que seja um dedo que se mova, ele
passou por um estalo de minha imaginação. Mas, essa concepção ainda não tem um
conceito firme. Apenas tenho partido de analises que vem se construindo a
partir dessas aulas de corpo. Ainda assim, pode haver um êxtase, um devaneio
junto ao deixar- se, durante essas pesquisas corporais que possam definir a
imagem que se forma sem um pensamento pré- definido? Creio que nesse caso, seria
necessário retornar ao ritual, como um meio de relacionar um corpo que não
dialoga com o eu- enquanto imaginação.
O conhecimento
dos princípios que governam o bios cênico permite algo mais: aprender a
aprender. Isso é de enorme importância para os que escolhem superar os limites
de uma técnica especializada ou para os que se vêem obrigados a fazê-lo. Na
realidade aprender a aprender é essencial para todos. É a condição para dominar
o próprio saber técnico e não ser dominado por ele. (BARBA, p. 24, 1994)
Barba, em seu discurso sobre
os princípios que retornam, enfatiza que técnicas podem ser conscientes ou não
conscientes. Penso que o corpo parte da memória no fazer, e por isso há os
princípios que retornam, porque há o que se constrói a partir de um longo
processo de técnicas para o desenvolvimento dessa imagem, mas há o que surge e
que a principio pode parecer como um deixar- se do corpo, mas que na realidade
pode ser uma memória corporal.
As diferentes
técnicas do ator podem ser conscientes e codificadas: ou não conscientes, mas
implícitas nos afazeres e na repetição da prática teatral. A análise
transcultural mostra que nestas técnicas se podem individualizar alguns
princípios-que-retornam. Estes princípios aplicados ao peso, ao equilíbrio, ao
uso da coluna vertebral e dos olhos, produzem tensões físicas pré-expressivas.
Trata-se de uma qualidade extracotidiana da energia que torna o corpo
teatralmente "decidido", "vivo", "crível"; desse
modo a presença do ator, seu bioscênico, consegue manter a atenção do
espectador antes de transmitir qualquer mensagem. Trata-se de um antes lógico,
não cronológico. (BARBA, p. 23,
1994)
O Corpo parte de um comando
no qual a pesquisa pessoal está direcionada a pontos específicos, numa das
aulas ministradas, Couto pediu que nosso corpo, a princípio ficasse em ponto
zero, depois que cada aluno encontrasse seu espaço em palco, escutando uma música
ao fundo, diante do comando, seríamos levados por nossa mão exercendo variados
movimentos, ou seja, a mão conduz o corpo de tal modo que são gerados impulsos,
isso remeteu- me muito à ação e reação e efeito marionete, porém sendo exercido
como ação e reação sobre si mesmo e não sobre o outro como o de costume. Logo
depois, exercemos uma variante do procedimento, agora, o corpo era estimulado
pela região pélvica, como se toda estrutura gerasse um movimento mais quente,
de entrega. As imagens que por vezes se esboçavam em meu corpo remetiam muito
ao sexo, ao prazer ou a banalidade e gestos corporais mais animalescos.
É estranho explica- lo dessa maneira, porque
de certo modo nunca o havia pensado assim. Todos os dois movimentos exercidos
nessa aula eram muito similares aos que eu costumava exercer na dança, no caso
da mão, era de costume no balé contemporâneo e o da pélvis, muito comum no
ragga Jam, um estilo de dança, com técnicas criadas pela dançarina Laure
Courtellemont, baseada na cultura afro- jamaicana. Até então quando entregue à dança,
meu corpo parecia dar- se por completo ao estilo, sem receios, mas nessa noite,
durante o ensaio, houve um estalo de recusa. Por que parecia tão diferente
utilizar essa técnica na dança e agora no teatro? Obviamente que foi muito
rápido, resolvi entregar- me de corpo e alma para o momento, tentando atentar-
me para todas as possibilidades, os desdobramentos que surgiam a partir de cada
nuança nos gestos e membros do corpo.
De acordo com AZEVEDO,
O
corpo disponível é aquele que permite que não se isola do fluxo dos
acontecimentos ao redor de si, que se envolve com o meio ambiente e com os
estímulos vindos, não da personagem, mas da relação com o grupo de criação.
Corpo disponível é aquele capaz das respostas espontâneas e novas que somente a
ausência de preconceitos e defesas maiores contra o mundo podem assegurar. (p.
192, 2008)
Percebi que vários dos
desdobramentos levavam o corpo para fragmentos de imagens com pessoas bêbadas,
Jovens vândalos, pessoas que pareciam muito reprimidas, mas que na verdade eram
impregnadas por vontades mais animalescas que ficavam lhe atormentando no
subconsciente, idosos que também sentem ainda a sensação do prazer e que ficam
suprimidos pela sociedade, horas via algo mais banalizado, que sempre se
voltava para o sexo, para a ansiedade, violência; mas, que não se fechava
somente para isso, como por exemplo, veio- me a imagem de pessoas com
deficiências, o fato de que remeteu- me também à pessoas reprimidas fez com que
eu pensasse muito em relação à cena de Um Bonde Chamado Desejo, porque de certo
modo, há um pouco mais de relaxamento em Stella e um pouco mais de anseio
advindo do corpo de Blanche, então partindo da imaginação e incorporação de
imagem para o GP, podem ser destacadas nuanças que se definam, para Stella, não
apenas para o desejo e excitação, como tenho deixado já pré- definido, mas
também o relaxamento do prazer, de ter Stanley e gostar desse amor mais
animalesco; e, em relação à Blanche, a imagem de um corpo que conhece o prazer,
que conhece muito bem o desejo, mas que se reprime intencionalmente para que
não fique à vista uma imagem que se formou de outros lugares em que já esteve,
então vejo um corpo latente e trêmulo por ansiedade de ter e ao mesmo tempo ter
de se reter.
Durante pequenos relapsos,
via colegas que preferiram não fazer, e outros pareciam muito retraídos, com
medo talvez do que os outros pudessem falar depois, tudo bem, eu também fiquei
assim no início, mas Couto passou por mim completamente entregue e por conta
disso resolvi deixar fluir a energia que o momento proporcionava, mas por vezes
escutei risos em reação à novidade ou mesmo colegas que preferiram ficar apenas
observando a fazer parte do que propunha o procedimento. Aliás, qual era o
propósito disto? Seria exatamente deixar o corpo encontrar livres associações?
Relaxar o corpo e em conseqüência a mente, deixando- o livre para as
associações?
A
preparação, tanto física quanto psicológica, é fundamental. Em primeiro lugar,
o aparelho somático tem de estar ajustado segundo as leis naturais, e sob
controle o ator, ou seja, ele deve estar preparado para conhecer suas sensações
e as conseqüentes manifestações físicas produzidas por sua sensibilidade de
intérprete. (AZEVEDO, p. 184, 2008)
Essa sensibilidade que se
volta para a interpretação não me parece ser apenas para a imaginação enquanto
voltada para o roteiro, mas também para o corpo. A sensibilidade de entender
todas as possibilidades que o corpo pode propor, deixando- o falar, lhe mostrar
sua capacidade de se expor ao diálogo interno e externo. E, assim desenhar no
espaço. Esses desenhos na verdade são várias informações, estalos de inúmeras
associações voluntárias e involuntárias que continuamente vão se esboçando
durante a pesquisa corporal.
A sensibilidade e o deixar-
se chegou no ponto de conflito na mente de cada um de nós. Sinto que por vezes
tentamos manipular nossa mente para chegar no resultado desejado, mas que o
costume inserido em cada um é tão latente que isso nos torna completamente
limitados. E, não falo apenas de costumes impostos pela sociedade, e, sim no
geral, como o da moralidade, da religiosidade entre outros, que por serem
impregnados em nosso corpo, nos impedem de ver a vida daquele personagem que se
cria, que suponhamos seja um personagem homossexual, deixando- nos desprovidos
de alguma ação porque nossa religião não nos permite interpreta- lo, aceita-
lo, tendo em conta que o teatro praticamente se desvincula de tais paradigmas e
preconceitos advindos com a religião. Porque se for desse modo, como pode haver
uma crítica ou uma reflexão relacionada à sociedade?
Volto- me nesse momento para
uma das aulas de interpretação, cuja entrega de minha parte não pareceu estar
completa, visto que, ao final do ensaio, Couto mostrou a mim e minha parceira
de cena que deixamos escapar por vezes nosso GP, sem firmeza no personagem e na
fala. Como menciona AZEVEDO:
É
preciso que o ator descubra como estabelecer a passagem entre o que sua mente
elaborou e o que seu corpo deve encarnar. O mundo da personagem terá de ser, todo
ele, externado em ações claras, atos reveladores de seu interior, são problemas
que pedem soluções adequadas, pequenos ou grandes obstáculos que tem de ir
sendo, passo a passo, ultrapassados, para que surja enfim, a máscara em sua
criação final. (p. 191, 2008)
O que na verdade, não
parecia ser potente no desenrolar da cena de Blanche e Stella. Exatamente no
momento em que foi solicitado o improviso de cena entre as personagens, percebi
que não havia ainda uma visão mais concreta e uma relação profunda entre mim e
a personagem. Tentei fixar sua vontade e impregna- la em meu corpo. Mas, a cada
momento que Brenda Lotti ( interpretando Blanche) continuava mencionando,
repetindo as frases, você está maluca, o que deu em você para ficar com esse
homem? Sai dessa situação vei!
Sentia como se as palavras e
mesmo a imagem de Stella ficasse quase como um holograma danificado em minha
mente, indo e vindo o tempo inteiro, sendo incapaz de encontrar as palavras que
Stella tentava me passar. Percebi a importância da concentração não apenas em
cena, mas diante do que o personagem propõe, para assim, saber dialogar com o
mesmo e encontrar o caminho, podendo esclarecer melhor as ações e externaliza-
las em ações claras.
Cada
um desses obstáculos, quando transposto, leva também a alargamento nos
horizontes pessoais do intérprete, entrando em contato com zonas de sua
personalidade mais ou menos ocultas, desejos desconhecidos e guardados apenas
em seu subconsciente. A força necessária aos impulsos ou ímpetos de um organismo
em direção ao exterior é diretamente proporcional à carga de desejos que
aspiram a realização, ou, dito de outro modo, que se destinam a satisfazer
necessidades básicas de manutenção de vida. São, portanto, forças de caráter
erótico, e no caso específico da arte, de sublimação de desejos, por meio da
canalização de energia, fruto da libido, em direção à produção artística. (AZEVEDO, p. 191- 192, 2008)
Faz parte de todo o
desenvolvimento do personagem e nesse caso, do personagem já construído, a
aparição desses obstáculos, mas a maneira como lidamos com a somatória dos
procedimentos passados e mais a entrega diante do mesmo para conseguir esse
diálogo, tornam- se imprescindíveis.
Na aula em que foi exercida
a técnica de Corpus Improvisation- Points of Contact. Vi a grande importância
do encontro entre corpos e como ir esboçando várias posições para que cada
ponto do corpo fosse tocado. Não apenas pela técnica, mas também pelo diálogo
entre os parceiros e a confiança posta em ambas as partes. Encontram- se novas
possibilidades, corpos diferentes, desdobramentos diferentes. Num dos ensaios
em que foi exercida a técnica, lembro de, a princípio, exercer o points of
contact, mas logo depois, exercer a partiturização do mesmo a pedido de Couto,
contando em tempos que duravam de dez segundos a um segundo. Naquele momento,
não compreendi muito bem que na verdade havia uma minuciosa semelhança com a
partiturização explicada por Arruda, mas por receio de estar seguindo uma
técnica diferente, deixei- me apenas seguir alguns movimentos, sem realmente
externaliza- los a tal ponto, que se formassem imagens. Me pergunto se era
realmente um resultado parecido com esse que Couto estava procurando? Porque
quando penso sobre cada imagem que se formou na partitura, vejo nitidamente um
grande devaneio, mas que se tivesse um tempo a mais para pensar, antes de
partiturizar, poderia tê- los pensando todos tendo em conta a personagem a ser
trabalhada.
De fato, o corpo necessita
de uma entrega completa, aonde cada detalhe e cada nuance será capaz de
distinguir um personagem, como menciona Barba, ao falar sobre a antropologia
teatral, nós temos os princípios de técnicas e cabe a nós o minucioso
desenvolvimento em cima de cada personagem abordado. Acho importante enfatizar
uma análise muito peculiar entre uma descrição de Barba e a importância de se
perceber o corpo durante o trabalho corporal.
A exigência de
perceber a atitude dos outros sobre mim foi uma condição diária que mantinha
alerta todos os meus sentidos. Advertia-me para os mínimos impulsos, as reações
inconscientes, a "vida" das tensões mais microscópicas que se
carregavam para mim, observador atento, de significados e propósitos. (BARBA, p. 17, 1994)
Vejo a importância da
utilização de técnicas diversificadas, principalmente tendo em conta o diálogo
que por vezes se faz em ambas as partes, sendo imprescindível para o
desenvolvimento enquanto aluno, ator ou diante da criação do personagem.
O trabalho do
ator funde em um único perfil três aspectos diferentes correspondentes a três
níveis de organização bem distinguíveis. O primeiro aspecto é individual. O
segundo é comum a todos os que praticam o mesmo gênero espetacular. O terceiro
concerne aos atores de tempo e culturas diferentes..Estes três aspectos são: 1.
A personalidade do ator, sua sensibilidade, sua inteligência artística, sua
individualidade social que torna cada ator único e irrepetível; 2. A particularidade
da tradição cênica e do contexto histórico-cultural através dos quais a
irrepetivel personalidade do ator se manifesta; 3. A utilização do corpo-mente
segundo técnicas extracotidianas baseadas em princípios-que-retornam
transculturais. (BARBA, p. 24- 25,
1994)
É de
extrema relevância os níveis de organização discutidos por Barba, ao falar
sobre a personalidade e individualidade que modela cada ator, pois assim, somos
capazes de ver claramente, diante de cada individualidade podemos encontrar
infinitas possibilidades de desdobramentos para cena. Nas aulas de Couto,
geralmente formamos grupos que, cada um em seu tempo para pesquisa, forma um
círculo aonde inicia o GP de seu personagem e dá seguimento para todos os
outros atores que repetem o GP e depois seguem na mesma ideia. Por vezes
encontro diversas nuances dos mesmos em relação ao meu GP. Poderia ser único,
certo? Poderia ser algo completamente desenhado em todos os aspectos, como
corpo e voz? Sim, e por que não? E, as vezes quase o conseguimos, mas, há um
momento em que meu colega começa e exercer meu GP contínuas vezes em minha
frente, quase pedindo que eu me manifeste de outro modo. Isso me pareceu muito
peculiar, como a técnica Meisner (Sanford Meisner, que desenvolve o exercício
da repetição), que apesar de ser exercida para o cinema, eu, por muitas vezes a
exerci, com variantes, para o teatro. Percebi isso, analisando as alternâncias
em freqüência, timbres, intensidades na voz, assim como a ação e reação
corporal à resposta exercida por mim, nesse caso a resposta era exatamente a
repetição exercida pelo outro, por ser meu GP; uma sobrancelha que se levanta,
um corpo que se movimenta mais ou se alonga ou diminui a cada reação. Esse
procedimento me parece muito rico em possibilidades, porque cada pessoa, com
sua individualidade me proporciona uma variante singular e que pode ajudar na
composição do personagem.
As
técnicas utilizadas por Couto têm- se feito fundamentais não apenas diante do
processo de criação para o personagem, mas também diante da indagação, da
análise que é refeita em relação ao eu- pesquisador, que ao trabalhar o corpo
na pratica de aula e para o projeto, acabei por reforçar alguns pontos
relevantes para a pesquisa. Sem fixar- me apenas aos seus procedimentos,
partindo da política do E, enquanto uma variante. Parto do princípio,
novamente, de que é necessário se desapegar por completo de paradigmas da
sociedade que nos limitam enquanto profissionais que, por que não, não deixam
de ser os olhos, corpos e reflexão que se doa, diante da sociedade.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO,
Sônia
Machado de. O Papel do Corpo no Corpo do Ator (Parte II: A gênese do gesto na relação com a
personagem; Esforço interno e a produção de energia dramática; O corpo
disponível- A relação entre impulso criativo e ação criativa). 2 ed. –
São Paulo: Perspectiva, 2008.
ARRUDA,
Rejane
Kasting. Arranjo e Enquadramento na Política do “E” Por uma Pedagogia do Teatro
Híbrida. Urdimento, Vol. 2. Dezembro, 2015.
ARRUDA,
Rejane Kasting “A pergunta que antecede a fala: um procedimento para o ator no
cinema”. São Paulo: Universidade de São Paulo; VI Reunião Científica da ABRACE-
Porto Alegre, 2011.
BARBA,
Eugênio. A Canoa de Papel- Tratado de Antropologia Teatral. Editora HUCITEC,
São Paulo 1994.
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