ARTIGO DE INTERPRETAÇÃO III
Análise
sobre o caminho do ator e a composição do personagem com base em - Imorais
Resumo
No seguinte artigo, serão
analisadas minhas experiências com base nos textos de “Imaginação e
Incorporação de Imagens” e “O Gesto Psicológico”, de Chekhov, em conjunto com
as experiências adquiridas nas aulas laboratoriais realizadas por Couto, que,
parte das Interpretações da Dramaturgia- Imorais, uma adaptação de Couto, com
fragmentos de várias Obras Dramatúrgicas. Parte- se do princípio de
experienciar o doar- se diante de cada personagem para descobrir pistas de como
eles realmente são, partir de uma pesquisa que caracteriza por ser contínua e
em constante adaptação, e, partir do Gesto Psicológico como uma linha para se
saber ação que delinea o personagem, bem como sua intenção para a composição de
cena.
Análise sobre o caminho do
ator e a composição do personagem com base em – Imorais
Aprender e querer antes de
tudo aprender a aprender. Inicio com essa frase, que deixei guardada na memória
desde o curso de física. Essa frase era sempre repetida por meu professor de
metodologia, porque segundo o mesmo, antes de aprender é necessário que seu
corpo e mente se deixem passar por esse processo e assim a mente e o corpo
tornam- se disponíveis para o novo, sem tantos medos e receios que costumam ser
invadidos pela mente. Durante as aulas de interpretação tenho relembrado essa
frase continuamente, a começar pelo respeito que Couto faz questão de sempre
enfatizar, o respeito primeiramente por estar num lugar sagrado, aonde nos
entregamos de corpo e alma, o palco. Tivemos num quesito geral, de deixar maus
hábitos e adquirir novos, como o de escutar, de se atentar, de respeitar a direção
e ser mais profissionais.
O Andarilho que descobre seu
caminho
No decorrer das aulas, tive
de lidar com uma velha companheira, “a imaginação e a incorporação de imagens”
que sempre esteve presente, diante de meus olhos, porém, ainda tão espessa,
aguardando para ser acordada e direcionada para a finalidade correta.
Segue o ensaio, Couto
solicita que meu colega vá para o centro do palco e componha uma imagem, e a
partir do que ele propôs, é solicitado que eu me aproxime e componha o segmento
da mesma, e assim também os meus outros dois colegas o fazem, até que se forme
uma imagem. Depois, é solicitado que façamos mais duas imagens que represente o
antes e a outra, o depois. Foi a primeira vez que trabalhei desse modo e
percebi que uma única imagem pode abrir muitos repertórios para a composição de
cena, porque cada pessoa que contribui com aquele desenho que se forma, pensa
em algo diferente. Eu por exemplo, tinha uma ideia completamente distinta
quando formei a primeira imagem e depois foram seguindo vários desdobramentos a
partir das pessoas que participavam. Num outro momento, durante os ensaios para
as possíveis cenas testadas, interpretei uma adolescente, uma menina com uns
quinze anos, ela tinha muito medo do médico que lhe fazia a consulta e sempre
relutava muito para ir na consulta com a tia. Na verdade aquela adolescente
poderia muito bem ter medo dele por conta de algo que já havia ocorrido, como
por exemplo algum abuso da parte do mesmo. Você sabe, acontece que há
profissionais com má índole, e esse médico parecia fazer bem esse tipo. Isso
fica muito visível na maneira como ele a observava e conversava com ela, parece
que chegava a deseja- la. E, de fato, seu toque parecia um tanto abusivo. Foi
dessa forma que vi aquela cena acontecendo.
Cena 6: NO CONSULTÓRIO
DR. LAMBRETA- Está com
dodói, coração? Diz pro vovô, diz? Que idade você tem?
Essa frase, trabalhada em
cena, mudava completamente conforme a intenção proposta para o personagem. Qual
a intenção de Dr. Lambreta? Enfatizo- “Está com dodói, coração? Que idade você
tem?” Nela, Dr. Lambreta, interpretado por meu colega Diogo, aderiu ao
personagem um olhar mais animalesco, como um predador que deseja, à espreita,
comer sua presa.
Diante da proposta, não
consegui manter a menina, porque minha mente parecia muito relapsa. Não havia
uma conexão forte que teria permitido essa comunicação, ou melhor, essa ligação
direta com o personagem. Depois, vi a mesma cena, com minha colega, que possui
características bem singulares (referindo- me à voz mais estridente e olhar
inocente), percebi que seu corpo e Gesto Psicológico dialogou intensamente com
a personagem. Diante dessa observação, não afirmo que tenha sido somente por
falta de atenção, mas por um ótimo olhar da direção. Como um diretor, imagino,
em seu lugar, que num teste apareçam várias atrizes que aparentem um pouco do
que ele visualiza diante do papel, e, então aparece aquela que tem uma incrível
semelhança com o que se deseja. Esse olhar sobre o diretor, bem, deve- se ter a
confiança diante da experiência desse profissional. Apesar disso, logo de
imediato foi difícil para mim, entender que nem sempre se trata de querer, mas
de algo a mais que cada um de nós possuímos, uma essência que pode dialogar ou
não com aquela imagem que se apresenta diante de nós, mas que, na ausência do
dialogo, não se deve deixar para trás e sim, experienciar, sem medo, sem
receios.
Lendo o texto de Imaginação
e Incorporação de Imagem, tive uma catarse, sobre vários momentos que parei
para construir uma personagem e brincar, eu sempre tive o costume de fazer isso
com minhas irmãs, outras vezes acabava brincando sozinha. E, nunca passou por
minha cabeça que isso tinha realmente uma finalidade e era um procedimento
realmente tão válido.
Desejos,
devaneios, objetivos de vida, êxitos e fracasso, esquecidos e vagamente
recordados aparecem como imagens em sua mente, sem fidelidade aos fatos, como
recordações. Agora, em retrospecto, estão levemente mudados, com alguns traços
de imaginação. Eis que surgem aqui e li imagens desconhecidas. Elas são
produtos de sua imaginação criativa. (CHEKHOV,
p. 25- 26, 1986)
Ainda hoje, se paro para
pensar e me concentrar, percebo que minha mente me passa infinitas informações,
as vezes a partir de uma única palavra. A nossa imaginação é muito criativa e
capaz de criar um lugar, uma população inteira provavelmente, apenas pelo
simples fato de estar ali parado a imaginar. Chekhov, fez- me atentar para o
melhor uso desse procedimento. Depois de uma das aulas de Lara, cheguei em
casa, me tranquei no outro quarto e comecei a tentar fazer de acordo com o que
era direcionado pelo autor.
Diverte-o
o fato de que essas imagens possuem suas próprias vidas independentes; espanta-
o o fato de que elas apareçam sem serem convidadas, forçando- o a observa- lo
com mais freqüência, despertando seus sentimentos- e ocorre uma reação. Você ri
e chora com eles. Como mágica você vê- se no desejo de estar entre eles, de ser
um deles, vê- se agora entre eles, quer atuar e atua. De um estado de espírito
passivo para um estado criativo. Eis o poder da imaginação. (CHEKHOV, p. 26, 1986)
Exerci o mesmo procedimento
depois, no desenvolvimento da personagem que está em criação num projeto
paralelo. O meu “estar”, durante esse ensaio, em casa, foi tão intenso, que
senti como se esse fosse um dos poucos momentos em que realmente houve essa
ligação, um deixar- se ser invadido pela imagem que dialoga com você.
Embora
essas imagens criativas sejam independentes e mutáveis entre si, o ator não
deve pensar que elas lhe surgiram inteiramente desenvolvidas e realizadas. Para
que atinjam o grau de expressividade que o satisfaça, precisará de uma
colaboração ativa. Assim, o ator deve fazer perguntas a essa imagem como se
fizesse a um amigo, por vezes, lhe dará até ordens rigorosas. Modificando-
se e completando- se sob a influência de
suas perguntas e ordens, elas darão respostas visíveis a sua visão interior. (CHEKHOV, p. 27, 1986)
Lembro- me de ter deitado na
cama e começado a conversar, mas não com o meu personagem, e sim com o
personagem que representava algo para aquele que eu interpretava, o que criei
depois disso foi uma variante, utilizei para indagar o outro e reagir ao
silencio, ou seja, nem sempre haviam respostas do personagem que dialogava comigo,
o que gerava tensão e diferentes reações em meu diálogo com o personagem.
Pensei que seria
interessante levar os testes para as aulas, mas ocorreram diversos problemas
que me impossibilitaram de estar presente, então, quando dei por mim já não
estava mais interpretando o mesmo personagem. Foi então que comecei a declinar
nas aulas, parecia que algo não estava dando certo. Interpretei um homem
bêbado, mas parecia estar mais ausente do que presente nas aulas. Fui afundada
em pensamentos negativos e me pressionei demais, com receio de não estar
suprindo quaisquer expectativas. Decidi buscar algum fragmento de roteiro que
achasse interessante e acabei por escolher Um Bonde Chamado Desejo, observei
que ele se assemelhava de certo modo às características dos outros que eram
propostos, por ter uma mulher que apesar de apanhar quase sempre do marido
quando bebia, continuava ali, porque se acostumou ou porque simplesmente
aceitou essa condição que veio junto ao seu amor por Stanley; por se sentir bem
num ambiente mais hostil- digo, hostil dependendo de um ponto de vista
obviamente. E, num contraste, a irmã que chega, e vê o subúrbio e fica
completamente apática a situação, sendo quase incapaz de entender porque a irmã
fica com alguém tão rude como Stan. Mas, que apesar de seus receios e falsa
nobreza, de certo modo é instigada por essa brutalidade (Blanche).
Cena 10- UM BONDE CHAMADO
DESEJO
(...)
BLANCHE- Está bem. Vou repetir a pergunta, agir
calmamente. Como pôde voltar para esta casa a noite passada? Você deve ter
dormido com ele!
STELLA- (...) Está dando
demasiada importância a isso.
(...) Stanley sempre quebra
coisas. Na noite do nosso casamento, logo que entramos aqui, ele apanhou uma
das minhas chinelas, correu pela casa e quebrou todas as lâmpadas.
(...)
BLANCHE- E você... você
deixou? Não correu, não gritou?
STELLA- Eu fiquei meio excitada com isso.
Em paralelo à minha escolha,
também foi passado um novo procedimento, o Gesto Psicológico (GP).
Nas
qualidades e nas sensações encontramos a chave para o tesouro de nossos
sentimentos. Mas existirá tal chave para nossa força de vontade? Sim, e
encontramo- la no movimento (ação, gesto). Você pode facilmente provar isso a
si mesmo tentando fazer um gesto forte, bem delineado, mas simples. Repita- o
várias vezes e você verá que, após um certo tempo, a força de vontade tornar-
se- á cada vez mais forte sob a influência desse gesto. ( CHEKHOV, p. 75, 1986)
De certo modo, senti
dificuldade durante as aulas já em cima dessa proposta. Como por exemplo em como
encontrar o principal objetivo dessa personagem? Como encontrar o principal
desejo dessa personagem? Iniciei diversas vezes, com muitas falhas o GP para
Stella, mas sentia que ela ainda não estava madura, era o que sempre pensava e
praticamente o que sempre Couto dava a entender, talvez fosse o medo da entrega
diante dos colegas, por ser um personagem novo e tendo em conta o GP que criei,
por vezes percebia muitos olhares que remetiam a indiferença e isso me
consumia, atrapalhando minha concentração. A princípio, escolhi para o GP- “adoro
o Stanley e gosto quando ele me bate”. Mas, depois de pensar muito sobre Stella,
chego numa certa dúvida se esse desejo que construí para me movê-la seria o
suficiente. Haja vista que não tenho conseguido sustentar o personagem. Há a
necessidade de mais concentração em palco. Deixar meu olhar se conectar com
Stella, sinto isso, essa falta, de largar esse medo que tenho criado e que não
é normal.
Podemos
dizer que o vigor do movimento instiga nossa força de vontade em geral; que a espécie de movimento desperta em nós um
definido desejo correspondente e que a qualidade
desse mesmo movimento evoca nossos sentimentos.
(CHEKHOV, p. 76, 1986)
Num outro momento, Couto
pede a mim e minha companheira de cena para repetirmos várias vezes seguidas o
GP e em vários intervalos de tempo. De algum modo, Couto nos instiga fazendo
com que cheguemos num ápice, e depois retornamos para a cena. Há, nesse
momento, uma certa linearidade que necessita apenas de ajustes. Porém, por
conta da falta de pesquisa em cima do personagem, sem trabalhar o roteiro,
acabei deixando- o muito vazio, sem novas abordagens de minha parte, que possam
ajudar a direção durante a composição de cena.
O
raciocínio seco mata a imaginação. Quanto mais você sondar e aprofundar sua
mente analítica, mais silenciosos se tornarão seus sentimentos, mais fraca sua
vontade e mais pobres as oportunidades propiciadas à inspiração. (CHEKHOV, p. 29, 1986)
Ainda assim, não desisti, a
pesquisa não deve ser realizada apenas na duração de uma aula. Querendo achar
as respostas que procuro, o caminho aprender o roteiro e dialogar com o que o
personagem me apresenta no mesmo. Segue em contínua construção o estudo frente
ao personagem- Stella.
Recentemente, escalada para
participar na cena de “O Pudor do Rio de Janeiro”, Não tive a oportunidade de
trabalhar o GP em sala de aula. No entanto, resolvi dedicar- me no quarto para
a criação da imagem e busca do GP, pergunto- me nesse momento se, parte desse
embasamento em interpretação fixar- me somente no GP e imaginação e
incorporação de imagem ou se faz- se necessário a busca de outros métodos que
também influenciem de forma positiva na composição do personagem. Apesar disso,
sinto que pude ir mais alem do que o esperado para essa cena. Devo levar em
conta que mesmo com a busca de outros meios que influenciem de forma positiva a
composição do personagem, sinto a necessidade de testar, a partir dessa
oportunidade, todos os meios possíveis que tenham como base o GP e
incorporação, pois obtendo um determinado resultado a partir do mesmo, pode- se
haver uma boa análise desse procedimento em relação aos demais. Como se diz a
palavra- Experiência. A experiência será fundamental nesse instante, o que é
experimentado poderá ser realmente comentado e discutido.
A
experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se
passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas,
porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece. (Bondía, p. 21, 2002)
Experimentar o novo por
vezes pode nos gerar um grande desconforto, e, isso não é diferente quanto à
nova metodologia, também não é diferente quanto aos personagens. Tenho
observado que muitos de meus colegas, talvez por medo frente ao novo, começaram
a dizer “não” e “vou pensar” com maior freqüência nas aulas; obviamente, eu
mesma nem sempre me sinto a vontade com alguns personagens, porém, decidi
encarar as barreiras que tem surgido de modo diferente. Se eu apenas passar a
interpretar personagens com os quais me sinto à vontade, que tipo de
experiência terei? Adentrar nessa área, como tenho percebido constantemente,
diante de tantas intempéries, requer algo chamado “doar- se”, e, percebemos
isso da pior forma possível, porque nem todos sentimo- nos preparados para essa
entrega.
Segue em construção os
estudos e análises dos personagens com base nos GP’s e Incorporação de Imagens.
Tendo em conta pontos relevantes.
Quanto
mais desenvolvida é sua imaginação, por meio de exercícios sistemáticos, mais
flexível e ágil ela se torna. Você deve possuir suficiente força de vontade,
mais do em geral exerce nas atividades cotidianas para conservá- las ao ponto
em que elas afetem e despertem seus próprios sentimentos. Esse é o poder da
concentração. (CHEKHOV, p. 31, 1986)
Chekhov ao falar sobre os
meios de exercícios sistemáticos, também esclarece que, mesmo sendo exercido
esse trabalho direcionado, não se deve simplesmente espremer esse sentimentos,
porque eles irão surgindo por si próprios. Nesse trabalho, que requer tempo,
concentração e paciência. Será percebido que não se resultará num estudo
superficial do personagem, mas numa relação profunda, ao ponto que, será
necessário compor do todo apenas fragmentos, porque assim, haverá sempre uma
base a recorrer para preencher, sem estagnar ou tornar o personagem um
arquétipo. Penso nessa observação como um diálogo sobre um ser que se for
pesquisado profundamente, também será entendido como complexo, assim como nós,
e dentro dessa complexidade, há vários caminhos e é a partir desses que podemos
trazer sempre algo novo.
Quando
trabalha desse modo a personagem que irá interpretar no palco, você pode, para
começar, escolher apenas uma característica dentre todas as que apresentam a
sua visão interior. Assim fazendo, você nunca conhecerá o choque resultante da
tentativa de incorporar a imagem toda de uma só vez, num ávido trago. Você sabe
que seu corpo, sua voz e toda sua compleição psicológica nem sempre são capazes
de ajustar- se em curto prazo à sua visão. Trabalhar a imagem pouco a pouco
evita essa dificuldade. Habilita seus meios de expressão a processarem
tranquilamente a necessária transformação e a se prepararem para anuir às
respectivas tarefas que terão de cumprir. (CHEKHOV,
p. 39, 1986)
Ainda sobre a complexidade
que compõe cada imagem que aos se desenvolve, dando vida ao personagem.
Tendo
em conta a investigação de sua personagem, você deve penetrar nela, procurar
encontrar que espécie de pessoa ela é. Pode- se fazer isso usando sua mente
analítica ou através do GP. No primeiro caso, percorre um longo caminho, pois a
mente racional, em geral, não é suficientemente imaginativa, é fria e abstrata
demais para realizar um trabalho artístico, podendo retardar sua capacidade de
imaginação por muito tempo. Talvez note que, quanto mais sua mente conhece a
respeito de sua personagem, menos apto você estará a interpretá- la. Isso é uma
lei psicológica.É como conhecer tudo a respeito de uma determinada ciência ou
arte, mas ignorar o fato de que essa inteligência per se está muito longe de significar proficiência nessa ciência ou
arte. Mas, se aplicar o GP a fim de estudar sua personagem, estará recorrendo
diretamente às suas forças criativas e não se tornará um ator “livresco” ou um
que limita a “papaguear” seu papel mecanicamente. (CHEKHOV, Pg. 84- 85, 1986)
Percebe, então que o
trabalho do ator vai além da composição de cena. Porque este, que busca
dialogar o mais próximo possível do que lhe é proposto, parte de um estudo
minucioso, um longo trabalho, que envolva a entrega, que envolve quase ou mais
que o trabalho de um equilibrista. Sendo esse capaz de dialogar a tal ponto com
o personagem, que possa entende- lo em sua compleitude e sendo o mesmo bastante
minucioso sobre cada abordagem que resgata dos fragmentos encontrados para não
tornar o personagem um arquétipo qualquer, mas um ser com vida, com que se é
capaz de gerar o famoso encantamento do público, trazer o público para sua vida
e fazê- lo chorar e fazê- lo sorrir. Por fim, apesar de seu caráter político,
finalizo com um pequeno fragmento da composição de João Bosco (melodia) e Aldir Blanc (letra), O Bêbado e a Equilibrista,
por achar uma similaridade sobre o quão duro é um trabalho de um ator para
trazer o público o mais perto possível dos fragmentos de realidades ou utopias
que se quer fazer refletir ou apreciar.
(...)
Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar
Elis Regina1
REFERÊNCIA
BONDÍA,
Jorge
Larrosa. Notas sobre a experiência e o
saber de experiência. Universidade de Barcelona, Espanha. Tradução de João Wanderley Geraldi, Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Lingüística.
2002
CHEKHOV, Michael.To
the actor: On the Technique of the acting. Capítulo 2-
Imaginação e Incorporação de Imagens. Editora Ltda, São Paulo, 1986.
1Letra
da música “O bêbado e a Equilibrista”, por Elis Regina. https://www.letras.mus.br/elis-regina/45679/
SILVA, Luiz Fernando L.R. O poético e o factual na letra da canção
“O bêbado e a equilibrista”. Revista
Alpha, Patos de Minas, 2016.
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