domingo, 28 de agosto de 2016

NOSSOS MONSTROS

"WHO I AM"


Como tenho andado constantemente em mundos imaginários, resolvi iniciar o discurso de jogos com o jogo em que meus queridos MONSTAX (um grupo sul- coreano que debutou recentemente, no qual pude ver junto com muitos outros fãs, sua trajetória desde crianças. Por conta do programa que nos faz ver o desenvolvimento de cada participante, acabamos chorando, rindo e sofrendo junto com os participantes até que os mesmos debutem, assim foi com os monstax), participaram. Talvez por conta de ainda ser jovem, tenho manias realmente muito infantis, principalmente relacionadas às minhas admirações pela coreia do sul, japão e china, que não nego de forma alguma, por ter amigos chineses, acabei admirando a china recentemente. O fato é que há algo mais forte em mim que me leva para perto dessas culturas, particularmente o Japão, por conta de minha família. O Jogo abaixo, no qual os meninos participam é como o de telefone sem fio, você tem que passar a mensagem até o final de forma correta. A diferença é que ao invés de falar no ouvido, eles falam normalmente, mas cada participante utiliza um fone com música alta para não escutar o que o outro fala. Particularmente é um dos meus favoritos, principalmente quando são eles que jogam. O que acho muito legal nesse jogo é que me faz pensar em confusão, e confusões costumam acontecer muito em Alice. Seria bem legal se em algum momento houvesse um falso telefone sem fio, por exemplo entre os valetes ou entre os juízes, ou mesmo entre as sombras, que se iniciariam com uma ideia e chegariam à Alice com uma resposta completamente diferente. Isso me parece muito engraçado, realmente...  a verdade é que uns pensam em Alice como uma garota num hospício, uma garota revoltada ou louca. Eu penso nela um pouco louca porque acho a sua loucura muito convincente e até me encaixo muito em seus pensamentos, mas penso em algo mais comédia. AH! Apesar disso não sou boa em comédia, mas realmente vejo muita comédia em Alice, porque as mensagens em cada personagem realmente parecem ter uma conexão de outro mundo. Há um episódio nos Simpsons em que eles vão ao culto, mas estão todos muito cansados escutando o sermão do reverendo e cada um aos poucos começa a cochilar e tem um sonho ao seu modo, aonde cada um pode ser o personagem principal e conta sua história em seu ponto de vista, penso em Alice assim. 



Uma história contada já dentro do chá maluco, mas realmente ainda não sei como a adaptaria num teatro.... Quanto ao vídeo, por favor, dê uma chance para rir com esse querido grupo composto por pessoas que são realmente muito esforçadas. Os Sul coreanos me inspiram muito por todo seu esforço em acordar cedo e sair muito tarde de seus trabalhos, claro que sua realidade político- social contribui para que façam isso satisfeitos, mas eles são como algo no qual gostaria de ser mais parecida, ter mais força a cada dia.


Devido a diversos fatores, tais como, excesso de pensamentos referentes à Alice, por conta de nossas pesquisas para atuação, mais projeto de Iniciação Científica, mais encontro com grupo de IC, mais encontro laboratorial para experimento de IC, mais Estágio que não conta horas até o momento mas sim apenas extrema importância da experiência de aprender a abordar assuntos de diferentes formas para crianças, mais minha vida particular que tem sido substituída pela de estudos, entre outros..., reformulo todas as minhas palavras antigas referentes a não fazer nada além de estudar. Pois, estudar é algo que requer paciência, concentração, dedicação e amor. Não basta amar nossa área, mas sim amar primordialmente- adquirir conhecimento. Aqui, se reformulam frases, temos que nos deixar querer aprender a aprender. E, falando sobre aprender a aprender, tenho vivenciado procedimentos incríveis atualmente, tais como reaprender jogos, reaprender seria algo como olhar os jogos nos quais passei quase toda minha infância brincando e exercê-los agora, mas com uma finalidade totalmente diferente. Devido à pesquisa relacionada à "Alice no País das Maravilhas", quer será encenada no final do período deste ano, Arruda têm nos aparecido com ideias totalmente diferentes, como a aplicação de Jogos Infantis como dispositivo de criação cênica. O jogo abaixo teve como princípio a brincadeira de Pique- Bandeira, mas infelizmente não saiu como planejávamos. A ideia básica era a de colocar Alice caminhando até que tropeçaria e findaria por cair num buraco, pessoas juntas formariam um tipo de apoio que permitiria que movimentos desordenados levando à concepção que ela estaria realmente caindo. Outras quatro pessoas seria os irmãos gêmeos, que exerceriam os movimentos básicos da brincadeira, como o de puxar (mecanicamente), e fazer brincadeiras de vozes com suas sombras. caberia a um dos gêmeos brincar com selinho, iniciando uma sequência de selinhos em todos os participantes. Mas, findou de maneira confusa provavelmente por não ter sido entendido por todos. Ainda assim, Arruda viu algo em meio à bagunça que não fomos capazes de perceber, ela viu sombras de Alice. 



Pique- Cola



Uma das melhores brincadeiras, mas que resultou num fim drástico após a apresentação do chá maluco. A ideia da brincadeira era que se o jogador escolhido tocasse no outro, o mesmo ficaria colado, sem poder sair do lugar, porém, o mesmo poderia se deslocar novamente caso um dos outros jogadores passasse por baixo de sua perna. Esse princípio básico do jogo nos soou perfeito para o chá maluco. Reunimos os membros e começamos a repensar algumas regras de jogo, que resultou praticamente no acréscimo de caxinguelê, que não foi apresentado no jogo passado. O jogo teria assim, caxinguelê dormindo, e toda vez que o mesmo se movimentasse, teríamos de congelar e permanecer congelado até que o mesmo passasse por baixo da perna de cada um, conforme o mesmo passasse, retomávamos os movimentos em câmera lenta até o estado normal da conversa. Porém, esquecemos de algo primordial, não era essa a proposta de Arruda, na verdade o que ela queria era que acrescentássemos um momento dentro da história que ainda não havia aparecido. Acertamos em colocar o caxinguelê, mas erramos ao colocar no mesmo espaço de tempo. Poderíamos ter colocado antes da chegada de Alice ou mesmo depois que ela sai, pois finalizamos a brincadeira anterior chamando- a de louca, e então seria engraçado caxinguelê iniciar um assunto de loucos sobre o "melado".  
A concepção de trabalhar os jogos como dispositivo de criação cênica é algo que realmente vale à pena pensar. LIMA, ao fazer uma breve abordagem sobre o histórico do jogo como recurso pedagógico, parte de críticas de Aristóteles, Brougére (1998), Ariès (1981), entre outros. Na interpretação de Brougére sobre Aristóteles, há a análise de ser o jogo um relaxamento, divertimento, descanso e resgate de energias para as atividades humanas sérias, já os romanos, concebiam o jogo como atividade carregada de sentidos, transformando- o por um lado, num espetáculo, numa simulação do real, que arrebatava multidões, por outro lado, era visto como um valioso meio de exercitação de conhecimentos, habilidade e atitudes, isento de provocar consequências para a realidade. Pensando na análise de Brougére referente à concepção dos romanos, consigo ver muito do fazemos durante a prática. Vejo que há muito influenciando os atores durante o exercício, que sem pensar, estimula o corpo que está cansando- se continuamente, e a mente, que gera estratégias para alcançar determinados objetivos e enganar o cansaço do corpo. É uma certa linha entre dois pólos que o leva a continuar correndo e brincando mesmo estando cansado. 
Bettelheim (1988, p.157) menciona o fato de separação entre criança e adulto, no mundo do jogo estar ralacionado às mudanças estruturais que ocorreram na sociedade, o que remeteu uma grande perda, pois o compartilhamento do mesmo tipo de atividade significativa entre ambos, estreitam os vínculos, levando a observar e aprender um com o outro. E, isso é incrível, pois me remeteu ao meu estágio, aonde tive de brincar também com as crianças e assim, houve um maior momento de simpatia entre ambas as partes e muita interação. De algum modo, parecemos entrar no mundo da criança e ver como ela realmente vê. 
Apesar de não ter encontrado o ultimo vídeo, fizemos a brincadeira de polícia e ladrão. Essa aula, posso menciona-la como a aula da VERDADE,- pois nesse dia fomos testados não apenas por Arruda (minha visão sobre a situação), mas por nós mesmos frente à concepção de criação de espetáculo. Pode- se dizer que finalmente estamos percebendo que não estamos num lugar em que o roteiro explica- se por si só. Aqui tudo depende da contribuição de cada um, Barba não tinha algo pronto que não viesse em grande parte do grande trabalho de todos na companhia, muito menos Jerzy Grotwski, Refizemos um recorte com base no jogo de pique- bandeira por várias vezes seguidas. Mas, de algum modo a estrutura não se encaixava. Vimo- nos desestimulados e decepcionados frente ao desconhecido. Foi um momento de extrema frustração. Particularmente, eu estava adorando fazer parte daquele momento, de pensar e propor à direção, isso é algo único pra mim, realmente quero poder sugar todo o tutano da terra, para aprender bastante. Mas, nem todos compreenderam, e confesso que eu também me vi perdida inúmeras vezes. Mas queria achar algo assim como muitos. Acredito que a frustração e o medo caminham paralelamente com o ator e o diretor...
Recentemente, debati junto ao grupo de pesquisa de Iniciação Científica, o texto de PEIXOTO, e sua análise sobre o Corpo e o Devir- Monstro. E, ironicamente esse monstro no qual debatemos muito, apareceu em minha análise sobre esse momento. Nós estamos num estado de medo frente ao monstro, no momento tudo o que é referente ao mundo de alice nos gera uma ânsia e ao mesmo tempo um desconforto. Segundo José Gil, o monstro é, ao mesmo tempo, absolutamente transparente e totalmente opaco. Quando o encaramos, nosso olhar fica paralisado e absorto em um fascínio sem fim. No ponto de vista de reação ao novo, Alice estivera em nossas mentes como um monstro em seu estado zero, mas, a partir do momento em que tivemos de cavar a fundo dentro desse mundo, não apenas no mundo de alice, mas no mundo de repetições e experimentações de inúmeras propostas em busca da poética, o livro acabou por tornar- se esse monstro.  O monstro de Alice tem nos transformado aos poucos sem se quer percebermos, como por exemplo, o fato de que dessa vez chegamos num ponto limite em que foi necessário discutirmos sobre as ações de ambas as partes, conflitos com colegas, bagunça e medo... medo de não sermos capazes de continuar no curso, medo de não ser aceito pelos outros, medo de deixar a voz falar,... Fomos afetados! e estamos num estado de metamorfose. 


O vídeo abaixo não é referente a jogos, mas poderia servir como base para regras em jogos, como movimentos de alices. Por exemplo, num diálogo as reações só poderiam ser feitas com base em biomecânica, acredito que não apenas nos faz pesquisar mais sobre o procedimento como também nos auxilia a encontras ações corporais de uma alice diferenciada. Eu realmente acho essa técnica linda!

O vídeo abaixo é do Pato Fu, Fernanda Takai me parace uma garota que vive num mundo paralelo.


Ovelha Negra é perfeita!



"WHO I AM"



REFERÊNCIAS

LIMA, José Milton de. O Jogo Como Recurso Pedagógico no Contexto Educacional. ed. Cultura Acadêmica, SP, 2008.
PEIXOTO, Carlos Augusto Júnior. O Corpo e o devir- monstro.Lugar Comum. 2009.

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