segunda-feira, 25 de abril de 2016

Abstrato

Aula de Corpo

25 de Abril de 2016


Seguimos os movimentos a partir das projeções de imagens abstratas seguidas de músicas cantadas por nossos colegas de classe. A música de Elis, que segue abaixo, foi cantada por Brenda, durante o processo de Campo de Visão.



Aula intensa com a procura de novos meios que realcem em nós a fala interna. Percebi, nessa noite, que os esboços criados durante o treinamento energético, não somente em casa como eu tenho costumado fazer mas também nas aulas, conseguiram transparecer melhor as atividades físicas. Os meios abordados foram os slides com pinturas abstratas,  devido à falta do cabo de som, as músicas foram cantadas por nossos colegas e posso dizer que essa alternativa ficou linda em conjunto com as ilustrações. 

Vincent Van Gogh


As vibrações que senti durante o treinamento foram totalmente diferentes do normal, as luzes foram apagadas, dando- nos mais liberdade para iniciar o lindo ritual e chegar em nossas substituições. Trabalhamos também o campo de visão que a princípio começara com um grande grupo e depois fora se dividindo em outros subgrupos. O interessante é que ao finalizarmos essas primeiras atividades, alguns colegas conversaram comigo informando que não conseguiram fazer nenhuma substituição, que a escuridão lhes atrapalhou durante o processo de criação e que não sabiam o que seguir, se seria a música ou a imagem. Depois fizemos uma grande roda, e nossa finalidade agora seria exercer ações do cotidiano, aquelas que costumamos fazer sem nem percebermos, alguma mania, não gestos e sim ações, como por exemplo quando estamos numa fila para pagar uma conta, o tempo passa e não chega nossa vez, então costumamos começar a fazer pequenos movimentos de inquietação, passar a mão no rosto pensando porque está demorando tanto? Ou, nossa, vou acabar chegando atrasada no trabalho. As articulações geralmente tendem a ficar tensas, limpamos o rosto, coçamos o braço, estalamos as mãos, arrumamos o cabelo. Mas, tudo isso sem ao menos percebermos o quanto aquela situação se tornou incômoda ao nosso corpo e mente, e desse mesmo modo, nos fala Grotowski:

Quase sempre o gesto encontra-se na periferia, nas "caras", nesta parte das mãos, nos pés, pois os gestos muito freqüentemente não se originam na coluna vertebral. As ações, ao contrário, estão radicadas na coluna vertebral e habitam o corpo. O gesto de amor do ator sairá daqui, mas a ação, mesmo se exteriormente parecer igual será diversa, começa ou de qualquer parte do corpo onde existe um plexo ou da coluna vertebral, aqui estará na periferia só o final da ação. É preciso compreender que há uma grande diferença entre Sintomas e Signos/Símbolos. Existem pequenos impulsos do corpo que são Sintomas. Não são realmente dependentes da vontade, pelo menos não são conscientes. ( Sobre o método das ações físicas. p.2, 2014) 

Durante um tempo analisando meus feitos durante os procedimentos, percebi que apesar de toda a beleza composta não apenas pela professora, ao agregar as imagens; mas também de meus colegas, ao cantarem belamente músicas estilo MPB,não foram suficientes para minha completa entrega durante o procedimento. Senti- me vazia, como se não tivesse conseguido chegar na entrega completa, não fiquei vulnerável o suficiente para que pequenos reflexos tomassem conta de mim a ponto de chegar na substituição. 

Att.: Sami Cassiano

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