segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Uma Boneca Boboca Anda Dizendo Coisas Horrorosas

"Meu eu" 
Nesse péssimo dia tudo o que mais almejo é simplesmente relaxar...
Aqui, onde ninguém é de ninguém quando o personagem encarnar.
De dia sou corpo e mente concentrados, à trabalhar.
À noite, uma criança em seu mundo utópico deixando a arte de ser emanar.

Sami Cassiano


Aula de Corpo ( 29 de Fevereiro de 2016)

ESSA PROPRIEDADE ESTÁ CONDENADA

Quando eu cantava, Alva me mandava calar a boca. Mas ela não, ela cantava à bessa, a noite toda. Essas roupas eram dela. Herdei. Tudo de Alva agora é meu. Menos o colar de bolinhas de ouro puro. Ela nunca tirou o colar... E eu herdei também todos os namorados dela. No início eles sumiram todos. Acho que ficaram com medo de ter que pagar alguma despesa, ou coisa assim. Mas, de uns tempos para cá voltaram. Igual andorinhas. Me levaram para sair à noite. Agora eu sou popular, vou a todas as festas da ferroviária. Olha aqui! Como eu danço bem. Eu sei mexer mexer minhas cadeiras. AH! Minha boneca maluca está precisando lavar a cabeça. Eu fico com medo de lavar, com medo que a cabeleira descole, que a cabeça tá meio rachada, você viu. Os miolos dela devem ter saído todos. Ela anda completamente boboca depois que rachou. Anda dizendo e fazendo coisas horrorosa. Preciso colar ela.

Tennesse Williams 

Essa aula teve os mesmos exercícios de alongamentos das anteriores. Mas, dessa vez, o objetivo foi trazer para o texto da peça de Tennesse Williams uma interpretação abstrata, com os movimentos de furar o vento, torcer os pulsos, empurrar e ser empurrado, entre outros. Dois textos foram passados, sendo um masculino e um feminino, ficando a nosso critério escolher qual interpretar. Iniciei a busca pelos movimentos do texto feminino tendo em conta os versos introdutórios de "Meu eu". 

Senti- me por vezes ser a Willie, Amanda e outras tantas garotas que passam até hoje por isso:



Metamorfose
Parte I

Um corpo que, mediante seu próprio olhar 
seja desprovido de malícias ou desejos.
Olhos que precisam de auxílio...
As lentes são a passagem para a vida banal.
Nela, tudo torna- se um emaranhado de gente, 
olhos a observar, coração a palpitar,...
A agonia é tão grande que o ar vem a escapar.
Depois, largo todo o inútil, vou até o centro. 
Eis a passagem entre os mundos paralelos.
Amarrotadas estão as roupas.
Rostos curiosos são apagados na escuridão,
transformam- se em vultos trêmulos e quase imperceptíveis.
Eis que agora somos somente eu e o espelho.

Parte II

Deparei-me com olhos estranhos me encarando pelo reflexo.
Meus dedos tocam suavemente os lábios procurando alguma pureza.
Passo o batom...
Esse lugar agora é tão estranho...
Ouço barulhos.
-Há alguém aí?
Sou atingida repentinamente por um peso concentrado em minhas costas...
Minhas pálpebras revelam aos poucos o desconhecido, corpo bizarro...
Essa pessoa não sou eu.
 Não posso simplesmente ter me tornado isso.
Preciso consertar minha cabeça,
Meu mundo gira e estou envolta em seu peso...
-O que é aquilo?
Realmente,... essa é você...
-Não pode ser eu!
-Que ridícula!
Você não passa de uma boneca boboca que anda dizendo coisas horrorosas...
Esses brincos, esse batom,
um mero disfarce do brinquedo que me tornei.
É muito peso em cima de mim... difícil de aguentar.
Eu posso simplesmente voltar a dormir?
Me acorde quando esse pesadelo acabar.








Essa foi minha concepção relacionada à aula. Uma poesia quase sem fim. Fiquei intensamente conectada com o personagem,e, ainda tento explicar a mim mesma se foi somente pela interpretação ou se foi pelo método da substituição que nitidamente tornava toda essa experiência mais singela e perturbadora ao mesmo tempo. Percebi durante o processo da partitura, que meu corpo parecia dilatar e logo depois ele minimizava seus movimentos, algo me limitava. Foi então que pude entender que consegui ser aquela garota que estava presa num mundo em que não queria estar. Realmente senti- me parte de algo maior.

Att.: Sami Cassiano

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Grammy na Casa da Amiga- Qual dentre nossas divas é a melhor?

Jogos Teatrais

24 de Fevereiro de 2016

Como previsto, até agora, aula divertida e criativa do início ao fim. O objetivo dessa aula era, formando grupos de até 5 pessoas, elaborar uma regra de jogo tendo em conta as seguintes questões- Quem? O que? Onde?
Formamos um trio, eu, (M) e (S) e chegamos à seguinte proposta. 
- Quem?
Três amigas
- O que ?
Assistindo o Grammy
- Onde?
Na casa de (M).
Assim, cada um escolheu uma cantora que lhe define, sendo elas Beyoncé, Lady Gaga e Katy Perry.
Regra do Jogo: Toda vez que mencionássemos que Uma delas era melhor que a outra, tínhamos de fazer os passos de uma sequência de dança que marcou sua carreira ( em nossa opinião).
A conversa se inicia e mencionamos vários cantores e estilos que os caracterizavam até que um menciona o vestido de Katy, seguindo de imediato, ficamos de cócoras no chão e gritamos Roar. 

Katy Perry- Roar
Continuando o diálogo insisti que Beyoncé estava melhor que Lady, então, morrendo de rir da situação começarmos a dançar a sequência de Single Ladies.

Beyoncé- Single Ladies

Mas, inconformado, (M) insiste que Lady Gaga é a melhor, uma diva. envolta em risos sem graça e meio desnorteados da situação, fizemos a sequência.

Lady Gaga- Bad Romance
Resumindo, foi estranho no início, tanto que (M) simplesmente travou do nada e pedimos um tempo para recomeçar o diálogo. Talvez tenha sido a ousadia de dançar, ou o receio por ser um diálogo sem ensaio que contaria apenas com o improviso. Apenas afirmo que no final deu certo e fizemos nossa turma rir bastante, a deixa para o grande final foi que ninguém entraria num acordo, preferindo ir cada um para sua casa assistir ao programa.

Também quero mencionar duas equipes que, à meu ver, se destacaram. A primeira de uma amiga querida e muito engraçada, que cantava parabéns sempre que alguém levantasse a mão com o dedo indicador apontando à outra pessoa no meio da briga. Achei bem interessante, pois a via fazendo muitos sinais e não falava, simplesmente estava no meio do tumulto e parecia um pouco sem noção. Na hora dos comentários, ela informou que estava interpretando uma pessoa surda e por isso fazia o sinal de Calma Calma.... hahaha. Desculpem- me, mas foi tão engraçado porque de primeira não visualizamos isso e depois tudo parecia estar encaixado. O outro grupo a que me referi foi muito inovador com relação à boate. (D) fazia o papel de uma mulher que era disputada, e o detalhe é que (D) é um homem interpretando uma mulher. Ele costuma ser tão incrível quando interpreta, que consigo realmente definir o personagem, deixando de olhar apenas como meu colega, mas como uma espectadora.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Ação e Reação

Aula de Voz I

23 de Fevereiro de 2016

Foco e concentração


Olá! Queridos leitores, a aula de Voz dessa semana seguiu alguns procedimentos bem semelhantes aos da aula passada, exceto pelo fato de que ao invés de ficar falando, a professora (R) decidiu apenas falar baixo quase como uma mímica, o objetivo era exatamente que seguíssemos como numa sintonia, com toda certeza eu me senti bem mais relaxada nessa aula, meu corpo se deixou seguir. Ela chegou em meu ouvido e pediu que eu procurasse posições de conforto para o corpo, como se eu fosse dormir, enquanto deixava sair o som "humm", Em seguida foram desligadas as luzes e como uma quebra da sequência da aula anterior, toda vez que a luz da lanterna piscava uma vez ( não recordo a ordem), nossos gemidos ficavam mais altos,e, quando piscavam duas vezes, fazíamos os vários de tipos de sons bem baixos tornando- se quase um murmuro. Essa sequência nos possibilitou escutar melhor os sons de nossas vozes. 
A segunda parte foi muito divertida, não somente pelo método utilizado, mas também pela química boa entre mim e os dois parceiros com quem elaborei os sons. O procedimento era: O seu parceiro fixar o dedo indicador apontado em você, toda vez que a pessoa movimentar o indicador, você deve segui- lo através do som. Com meu primeiro colega (J V), costumo achar que quase todo procedimento que façamos juntos será sempre mais calmo, o que é bom pra mim, porque tenho muita energia e na maioria das vezes não consigo ficar quieta, então ele consegue quebrar meu ritmo, tira- me da zona de conforto e me levando para o desconhecido,
Com o segundo parceiro, (L), alguns sons que eu ainda não havia feito apareceram nítidos e engraçados. Ele já possui uma energia completamente diferente à do anterior. então conseguimos encontrar sons mais agudos e vibrantes, demos quase fala aos mesmos, como posso explicar isso? Como se a voz se camuflasse gerando na verdade um som do cotidiano, por exemplo: Uma ambulância, que por vezes parece estar mais distante e depois, ao se aproximar, gera uma melodia que nos faz pensar o som no formato de um círculo... 
O Último momento foi voltado para os sons através da reação que algo pode nos causar. Para realizar os mesmos, tive de fazer o método da substituição. Decidi trazer o tema para algo que é comum na vida de casais. Como tenho um compromisso com uma pessoa, tornou- se mais fácil utilizar o método da substituição.




Treinamento para liberação da tensão

Nosso corpo mais à vontade libera o som com mais tranquilidade.

Discussões Amorosas
1º som: - Amor, mas porque não podemos ir? Eu quero sair...
2º som: - Choramingando, saí da sala e sentei na cama.
3º som: - Ele chegou perto de mim e ficou tentando amenizar a situação, fazendo cócegas e carinho, até que eu deixasse de birra, assim cedi.

Att.: Sami Cassiano



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

As Formas Corporais

Aula de Corpo I

22 de Fevereiro de 2016

É incrível como o tempo e a dedicação pelo que amamos fazer podem ser tão majestosos. Lembro- me que no início das aulas ainda me encontrava um pouco perdida, e isso é perceptível para quem estiver me acompanhando no Blog. Sempre que chego em casa, após essas aulas, sou bombardeada pela memória de tudo o que fomos capazes de fazer, infelizmente, nesse dia não tive tempo de me apresentar, mas cheguei a produzir a sequência solicitada pela professora.
A objetivo, nessa aula, era montar quatro expressões corporais escolhidas por nós. E achar uma fala interna, utilizando por exemplo, o método da substituição.  Mas, por motivos particulares acabei não conseguindo pegar as imagens à tempo, então tive de tirar foto no celular através da imagem do computador. Cheguei a pesquisar novamente, para mostrá- las mais detalhadas e não as encontrei. Logo, seguem as fotos que dão uma ideia do que teria de apresentar.
De antemão informo, as interpretações das formas que viria a apresentar são referentes à situações que, em momentos eu e outrora algumas pessoas próximas a mim passaram. Por algumas vezes consegui fazer as substituições e assim encontrar uma fala interna, ou seja, momentos que seriam análogos às expressões, como uma situação rotineira.

Seguem as formas:

I. A Dor

Expressão corporal I


Ainda não sei porque continuo me torturando, quando há muito tempo teria simplesmente o deixado ir. Me pergunto se isso é amor ou uma pílula errada que engoli, chamada dependência. Nada se compara ao medo de me sentir sozinha.

II. Apenas me Abrace

Forma II
 Minha mente se afasta de todo o sentido lógico daquela palavra- ação, que perturba o ser magoado. Por momentos suplico quase num grito perturbador- apenas vá embora. E, logo depois desejo ardentemente que- apenas venha correndo até mim. E, mesmo diante da primeira recusa, aceitarei seu abraço.

III. O Perdão


Forma III
 Minha visão, envolta em lágrimas, apenas cria um distorção do que é seu eu. Já não bastasse agir como uma tola, ainda deparo- me nessa ridícula situação, - jogar- me em teus abraços, entregar- me mais uma vez de corpo e alma, fechando os olhos para não ter que ver a cena mais deprimente que viria de mim, o aceite do perdão. 

IV. Segue a Tola


Forma IV
Heis que a pílula ainda não perdeu seu efeito. Mesmo com as cicatrizes, segui nessa tormenta que é de fato o amor. De certo, ainda chegarei nesse pesadelo novamente. Mas. até lá, agirei simplesmente sendo a mesma tola.

Bem, como mencionado anteriormente, não tive tempo de mostrar as formas. Mas, de repente pode surgir a chance e ficarei muito curiosa em saber no que mais esses movimentos podem se tornar, desde o absurdo até o minimalismo.

Att.: Sami Cassiano


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

"Um Conto muito Louco"

Jogos Teatrais I

17 de Fevereiro de 2016

A aula de Jogos Teatrais também ministrada pela professora (R) se superou no que diz respeito à diversão, humor e imaginação. O objetivo do jogo criado para a dinâmica era: um dos alunos inicia uma história e num determinado ponto ele fala uma palavra sem completa- la. Ex: Hoje eu acordei e levantei da ca-....
O próximo na roda continua a história completando a palavra sem repetir a inicial (ca). e assim sucessivamente.
Primeiramente, até entendermos que não podia repetir a sílaba anterior (regra do jogo), o tempo decorrera uns 10 minutos. Rimos mais do que contamos a história. O desenrolar da mesma era sobre uma menina chamada Cinthya que comia muito, até passar mal, ela também tinha a mente fraca para bebidas e adorava tomar uma cachaça com sua amiga. A Chyntia com certeza não sabia, mas ela devia ter tomado alguma toxina, pois ela viu fadas, dançou metralhadora ( música do momento), pensou que iria se casar, depois descobriu que não iria mais, ela viu até elefantes e rinocerontes, e depois simplesmente acordou em casa e percebeu que tudo não passara de um delírio desde que ela foi à boate. Enfim, foi a história mais delirante desse início de ano.



Creio que o objetivo era que deixássemos fluir nossa imaginação, sem ter que pausar. Como por exemplo, houve um momento em que, ao chegar na minha vez, eu simplesmente travei e fiquei pensando num término significativo para o final da frase, o que tornou a continuação um pouco sem graça, talvez por pensarmos realmente na história que sucedia, não sei ao certo,.. mas, ao meu olhar, tirou o clímax da brincadeira. Outro ponto interessante é que todas as vezes que o conto estava nas pessoas mais distantes, me vinham frases em mente e ficava morrendo de rir, mas quando começava a se aproximar de minha vez, surgia uma certa tensão e as improvisações fugiam da mente.
Um bom conselho nesse caso é, apenas deixe fluir sua imaginação, nem sempre uma palavra com nexo num mundo imaginário será a de mais valor, por vezes a rima e a beleza de uma história encontram- se na simplicidade e improvisação.

Att.: Sami Cassiano


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Dando vida à Voz

Aula de Voz I

16 de Fevereiro de 2016

Olá queridos leitores! Hoje tive minha primeira aula de Voz, cuja experiência foi maravilhosa e libertadora do início ao fim. 
Em busca de entender melhor os métodos utilizados em aula, separei alguns artigos que podem servir para uma melhor aprendizagem e técnica. Então, vamos lá e boa leitura!

À respeito dos exercícios para aquecimento vocal, AYDOS  e HANAYAMA informam: 

Os exercícios de aquecimento vocal tem como principais objetivos: possibilitar correta coaptação das pregas vocais (...) permitir maior flexibilidade das pregas vocais para alongar e encurtar durante as variações de frequência, (...) dar mais intensidade e projeção à voz, proporcionar uma melhor articulação dos sons, reunindo melhores condições de produção vocal. (p. 83-84, 2004)
O que, em nosso curso, é de grande importância principalmente para àqueles que pretendem se aprofundar à atuação em palco. Exigindo o controle sobre a altura tonal da voz assim como sua intensidade para os mais variados papeis que vir a atuar sem machucar nossas cordas vocais.

Assim, deu- se início à aula, ficamos sentados como uma forma de procurar o relaxamento do corpo. Os métodos utilizados foram os seguintes:

  • Massagear o rosto para liberar a tensão;
  • Movimento giratório da língua no sentido horário e anti-horário;
  • Bocejos seguidos de movimentos para espreguiçar o corpo;
  • Na posição de meditação inspirávamos e deixávamos o som "humm" se propagar;
  • Método Si Fu Chi Pa , entre outros.
Os exercícios iniciais foram bem tranquilos e pareciam fluir em conjunto com a turma. Bem, até a posição de meditação eu não havia percebido o quanto ainda encontrava- me tensa. Enquanto a professora (R) começava a mexer meus ombros procurando fazer com que eu relaxasse, eu tentava ,em paralelo, fazer meu corpo obedecê- la. Ela disse: - o som ainda não está saindo alto (balançando- me mais). Eu imediatamente fechei os olhos e simplesmente liberei minha voz para que a mesma se deixasse propagar. E então ela falou, - agora sim. Procedendo no auxílio aos demais colegas.

 Ao fazer o método Si Fu Chi Pa, senti meu corpo trabalhando do abdômen para cima, à medida que dava os intervalos, liberando os sons, ele fazia uma pequena contração e parecia preparar- se para sugar uma grande quantidade de ar, percebi que assim as palavras fluíam melhor e que exercitava bastante minha laringe. A sensação foi tão boa que resolvi até pesquisar o assunto. E, imaginem só, há um artigo muto interessante explicando sua eficácia.
De acordo com GUBERFAIN, o método Beuttemuller ( Si Fu Chi Pa) trabalha a expressividade do ser humano, indissociando corpo e voz (p. 2, 2012). Ao comentar suas características, acrescenta que o [si-fu-chi-pa] é um exercício realizado com sons áfonos (“surdina”) (BEUTTENMÜLLER, 1995:88), com movimentos costoabdominais, de lábios e de língua. Glorinha explica a opção pelo uso das fricativas surdas porque são “sons que não conseguimos fazer para dentro, ou seja, não os fazemos cair na garganta” (1995: 88). Este exercício massageia as pregas vocais, pelos movimentos da laringe. A massagem, a elevação e o abaixamento da laringe acontecem devido às diferentes tensões concernentes à emissão das próprias consoantes: o /s/ é mais tenso, eleva a laringe; o /f/, mais suave, abaixa; o /x/ alarga e o /p/ funciona como um suspiro, relaxando completamente a laringe (p.3).
Bem interessante não é? Aconselho ler um pouco a respeito, eu li e estou exercitando também em casa. Posso sentir que esse treino com certeza me auxiliará a melhorar bastante na próxima aula. Deixarei as referências abaixo para quem sentir curiosidades.
O próximo passo foi mais intenso, as luzes foram apagadas e (R) pediu que formássemos as expressões vocais que fossem surgindo em nossas mentes, deixando- as fluirem livremente , e, se quiséssemos inclusive interpretar o que gerava tais sons, poderíamos ficar à vontade para fazê- los, como por exemplo, o som de alguém com medo. Repentinamente, as luzes se apagaram dando espaço aos nossos gemidos, gritos, risadas entre outros tantos sons que em conjunto parecia um manicômio e outras vezes um zoológico cheio de animais e criaturas estranhas. Foi uma experiência incrível, por vezes conseguia escutar os sons que emitia, num momento eu era um cachorro, depois era uma criança cochichando, ora gritando e por vezes fazendo o som de uma coruja; eram tantos sons que por vezes os meus se perdiam em meio aos demais, De repente a luz foi acesa e todos deram uma parada rindo um pouco e ainda cheios de adrenalina. A professora imediatamente falou- Não parem, por que pararam os sons?
Bem, não sei quanto aos meus colegas, mas no meu caso, estava numa sintonia com o pessoal e a luz acendeu remetendo- me à lembrança de que eu estava no estúdio com um monte de gente ao meu redor  e que não sabia se continuava ou não, é bem provável que a luz tenha me intimidado.
O exercício final foi para formarmos 4 expressões sonoras ou uma cena indicando um determinado acontecimento, com a opção de fazermos sozinhos ou formarmos duplas. No meu caso acabei por formar dupla com um colega no qual chamarei de (JP). Iniciamos as buscas pelos sons sendo num momento dois lobos uivando, depois alguém desesperado correndo em meio à multidão e gritando enquanto tenta conseguir chegar o mais perto possível de seu artista preferido, ou então alguém que vai andando tranquilamente em sua casa até que se depara com um inseto que lhe deixa em pânico, e por último uma cena de enjoo, após ver algo nojento extremamente nojento, como por exemplo, um animal morto. Para a encenação decidimos apresentar a cena do inseto: Uma mulher que estava em seu quarto tranquila mexendo no celular, ao escutar o marido chegar decide ir para perto dele, mas o interesse pelo que ver na celular é maior, deixando- a desatenta. Após uns instantes, escuta perto de seu ouvido algo parecido com o bater de asas de uma borboleta, então não liga muito. Logo depois, sente algo pousando em seu ombro, olhando devagar, percebe que é uma barata e então se desespera, sai correndo e gritando pela casa. O marido assustado com a correria da mulher pega uma vassoura  e pergunta aonde está a barata e ela desesperadamente a avista no chão e grita, mata! mata! A barata passa correndo para a mesa em que ela está, fazendo- a pular para o sofá e noutro pulo chegar no quarto querendo chorar. Enfim, a plateia pareceu entender a cena e começou a rir bastante.
Fora a minha apresentação, pude ver as de meus colegas que fizeram desde os sons mais engraçados até o mais assustador e chocante, como a cena de um ser que parecia ser das trevas dando risadas estranhas e o homem que estuprava outra pessoa,... intenso. ( informo que foram apenas sons e gestos que denotavam os acontecimentos.
Enfim, adorei a aula.

Abaixo seguem alguns artigos que e deram um embasamento teórico no decorrer do texto.

REFERÊNCIAS


GUBERFAIN, Jane Celeste; MAIA, Luciano Pires; BAHIA, Roberta; OLIVEIRA, Domingos Sávio Ferreira de. O Exercício [Si-Fu-Chi-Pa]: Uma Contribuição Eficiente para o Aquecimento e Projeção da Voz no Espaço Cênico.

AYDOS, Bianca; HANAYAMA, Eliana Midori. Técnicas de Aquecimento Vocal Utilizadas por Professores de Teatro.
SANTOS, Marcio. Classificação Vocal.

Att.: Sami Cassiano

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Uma substituição que liberta a alma.

Corpo I ( Aula 2)

Aula de Corpo I

15 de Fevereiro de 2016

Como informado anteriormente, acabei perdendo a primeira aula de corpo e após os comentários de meus colegas referentes à mesma, fui bastante empolgada imaginando o que estaria por vir no próximo encontro. E, como posso descrever a experiência a seguir?- Foi libertadora e dolorosa ao mesmo tempo. Vocês entenderão melhor no decorrer o texto. Boa leitura!  
Obs: As Iniciais em parênteses representam os nomes da professora e alunos participantes em sala.

A aula inicia e começamos os alongamentos: 
Parte I
(R): -Vamos lá, joelhos flexionados alongando os pés e o quadril, procurando mantê- lo no centro. Seguindo, imaginem como se estivessem afastando algo de vocês procurando manter os joelhos sempre flexionados. Agora, vamos furar os vento com movimentos hora rápidos e hora bem devagar, começando assim a torcer os pulsos, mãos fechadas buscando explorar o espaço (ao meu ver dando um sentindo de aversão, como se algo nos impedisse e por vezes nos escapasse), totalmente fora do normal para os movimentos rotineiros de nossos corpos. A princípio, me senti envergonhada, o que é engraçado pois eu tinha o costume de dançar ballet contemporâneo, Jazz e Hip Hop enquanto mais nova e havia momentos nos palcos em que fazíamos movimentos e alongamentos bem diferentes, fossem eles simétricos (clássico) ou assimétricos e expressivos (contemporâneo), deixando- me incomodada. No decorrer dos passos, ao furar o vento, comecei a entender o que realmente acontecia ali. Entendi que não estava dançando e que minha mente estava me manipulando, trazendo- me receio e medo de explorar o desconhecido. De acordo com FERRACHINI: 

A diferença é que na dança pessoal buscamos em nós mesmos, essa relação corpórea nova para "mergulharmos" dentro dela, numa espécie de energia convergente, explorando todas as suas possibilidades. No energético, buscamos o mesmo, mas jogamos essa energia para o espaço, usando- a de maneira divergente. (pag. 100)

O que me possibilitou discernir que não seria como passos em que todos nós traçaríamos movimentos para o mesmo caminho. Mas sim passos sem uma direção em comum, aonde cada um explora o meio  ambiente com pontos de vista diferentes. Gerando conflito com o corpo e a mente. Eu estava presa e isso era um desconforto para o corpo, que parecia estar atrofiado. Criei coragem, meu corpo e mente fluíram, comecei a soltar as amarras que inibiam minhas mãos e pés. Por vezes meu pulso se contorcia, como um bloqueio para que eu não saísse da minha zona de conforto. Fui  ultrapassando as barreiras a cada passo jogando- as como se fossem rochas que empatavam meu caminho. Saindo lentamente, encantei- me com a beleza do desconhecido. A partir desse instante meu corpo começara a fluir exalando energia. Segue abaixo nosso treinamento energético. 




Parte II
R: - Quando eu bater palma vocês farão os movimentos arbitrários. Escolherei alguém entre o grupo que agirá como líder, fazendo movimentos aleatórios, e vocês só seguirão o mesmo enquanto estiver ao alcance de sua visão, saindo de vista esperem até que possam vê- lo novamente. Ao falar outro nome, seguirão o mesmo como um novo líder, tomando para si esses movimentos e substituindo- os por algo que lhe seja similar enquanto no seu cotidiano.
É dada a primeira palma seguida de movimentos aleatórios e a única imagem que me veio à mente foi o quintal atrás da casa de minha mãe, lembrei- me que corria descalça e que cada brincadeira com meus irmãos e primos ali era como um tipo de aventura. Então deixei- me guiar. A líder (A) inicia movimentos mais calmos e suaves, levando- me à minha primeira apresentação de ballet, cuja canção " Fascinação" na voz de Elis Regina arrepiava- me das pontas dos pés até o último fio de cabelo e ainda assim eu tentava conter toda a emoção de estar dançando para tantas pessoas e saber que em especial era para a minha mãe. Em contrapartida, o líder (C) conduz- me à uma correria e desvio de obstáculos, levando- me para o que costumava fazer no cotidiano, buscando um tempo para cada atividade que fizesse, fosse do início do dia para chegar na faculdade seguido de corridas para o estágio na escola até o momento de descontração com meus amigos; faz- me lembrar que quando eu me sentia muito pressionada pelo projeto que desenvolvia, costumava fugir de todas as pessoas que conseguisse buscando a calma em meio a solidão. O líder (P) me tirou completamente do que sentira anteriormente, seus movimentos a princípio estranhos começaram a modelar um macaco, e foi bem legal pois pessoalmente adoro símios, a cena que construí nesse momento foi a imagem do filme "Planeta dos Macacos: A Origem"; com direção de Rupert Wyatt, parecia- me a cena em que César ( Andy Serkis) conhecera a natureza explorando todo o ambiente, pulando, correndo e saltando de galho em galho. O líder (AL) fez- me parecer uma Wendy voando com o Peter Pan conhecendo toda a magia da Terra do Nunca, via por vezes meus colegas fazendo também suas analogias, mas aos meus olhos pareciam os meninos perdidos que outrora haviam sido raptados pelo capitão gancho. O interessante desta analogia foi o fato não somente do líder realmente lembrar o Peter Pan, mas também pelo impacto que essa história tem sobre mim desde a infância relacionada à imaginação e criação, como por exemplo: um telefone aos meus olhos infantis, formava a imagem de um computador; o papel rabiscado era o dinheiro, o barquinho de papel era um navio e a água na bacia era um oceano. A arte de imaginar objetos em vários ângulos e de formas diferentes nos ajuda a resolver aquilo que para outro pode ser um problema. Ao finalizar esse momento pensei comigo mesma, eu costumo viajar, mas nunca viajei tanto, é muto interessante pois, não sei quanto aos meus outros colegas, mas me senti numa espécie de transe. Vi o quanto já estava desinibida em relação à primeira parte de nosso treinamento corporal.

Parte III

R: - Paralelos uns aos outros, o primeiro escolhe alguém do outro lado, exerce uma ação sobre o mesmo, volta ao seu lugar. A pessoa que sofreu a ação retribui com uma reação. ambos se fixam no meio enquanto exercem movimentos que no decorrer do tempo que serão substituídos por algo que acontece em seu cotidiano, como por exemplo; sua reação ao falar com sua melhor amiga. A princípio serão feitos somente os movimentos, sem diálogo.
Caminhei em direção ao (E). A imagem criada naquele momento era de minha irmã, que mora em outro estado, chegando para me visitar. Na metade da caminhada busquei expressar minha emoção ao vê- la dando um grande sorriso e abraçando- a fortemente. Retornei. (E) a princípio provavelmente não entendeu mas fluiu de acordo com a ação iniciada, levando- me para o meio e começando a brincar e a dançar. Depois nos sentamos dando a ideia de que lhe mostrava fotos dos lugares que conheci ao chegar na Cidade em que resido atualmente. Com o passar do tempo percebi que fomos mudando completamente e já não parecíamos mais duas irmãs, talvez porque nesse momento eu comecei a sair do meu mundo e entrar no dele. Senti então seus movimentos de repulsa, tentando afastar- se de mim, por vezes tentei me aproximar dando menção de acalma- lo. Mas nada do que fazia dava certo. E então, a professora entrou para da procedimento ao próximo ponto.

Parte IV

Foi nos dada a liberdade de dialogar

Meu parceiro começou a dizer: - Você não me conhece?! 
Senti que as expressões corporais agora eram violentas e lembravam diretamente a cena de um casal a brigar dentro de casa. Eu transmitia querer sair daquela situação, pegar minhas coisas e ir embora, mas quando tentava, ele ia até mim segurando- me firme e dizendo- aonde você pensa vai?! Num súbito momento rimos juntos da situação, foi um lapso da cena estranha que estávamos criando. Retomamos numa contínua discussão, falando alto dizendo que o outro era melhor que ele para instigá- lo a ter mais raiva. Ele segurava meu queixo e eu tentava entender o que ele falava, meu corpo não respondia mais a mim e sim à uma mulher com medo. Foi então quando a professora deu a pausa. E caímos na gargalhada um com o outro falando, o que é isso? Nossa!! - Eu saí do transe! 

Conclusão

Sentamos todos formando um círculo para comentar as nossas experiências. Sinceramente, nesse momento eu não consegui falar. Talvez porque era algo completamente inovador aos meus olhos e tudo o que tentava naquele instante era absorver toda àquela situação. Ao ouvir também as analogias de alguns colegas que comentaram no círculo, percebi que felizmente a criação desses mundos tão únicos sob cada olhar não era somente minha. E isso é ótimo, pois acabou me deixando mais empolgada.
Chegando em casa, a princípio realmente não conseguia dormir, a minha mente era bombardeada por imagens em cima de imagens, e depois vieram os espasmos em meu corpo. Mesmo fazendo exercícios rotineiros meu corpo ainda não sentira o que sentia nessa madrugada. Foi maravilhoso, pois a dor mostrou- me que eu realmente me entreguei nessa nova experiência.



Sugiro o que veja o vídeo acima. Coreografia de Kyle Hanagami, o mesmo me retoma uma ideia a mais de como faria uma sequência para demonstração Att.: Sami Cassiano


REFERÊNCIAS

FERRACINI, Renato. O Treinamento Energético e Técnico do Ator, Revista do Lume. v. 1, 2012



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Carta de Apresentação

Artes Cênicas é um Mundo

Olá! Me chamo Samires, sou aluna do curso de Artes Cênicas na Universidade de Vila Velha - ES. Esse blog foi criado com a intenção de compartilhar minha experiência não somente com a turma de Artes, mas também com todos àqueles que de alguma forma sintam curiosidades ou dúvidas sobre o curso. Logo, sintam- se à vontade para ler, compartilhar e até mesmo deixar opiniões e dúvidas, pois aprender e apreender é primordial para a construção do aluno.

Encontro com  a turma

Meu primeiro dia de aula foi na verdade um susto! Pois uma sequência de fatores me levaram a trocar a data de início. Apesar da surpresa em já ter começado a aula, saí correndo rumo à faculdade para não ter que perder as apresentações ( em minha opinião as aulas iniciais são importantes para o entrosamento entre os alunos). Durante o trajeto, comecei a escutar barulhos que quanto mais perto chegavam, mais curiosidade levantavam,- parecia ser algum tipo de manifestação. O ônibus estava lotado, mas consegui ver muitos alunos com rostos pintados e instrumentos diferenciados fazendo barulho. Confesso que chamando bastante a atenção, a ponto de ficar muito interessante, a meu ver, aprecio as pessoas que mostram seus rostos para serem realmente vistos. Chegando na faculdade fiquei numa busca incessante tentando encontrar a turma. E, ninguém sabia aonde estava a professora, simplesmente falaram, ela saiu com a turma, deve estar em alguma parte do campus. Andei muito até desistir e simplesmente esperar. Passado um bom tempo, começaram a surgir alunos pintados me trazendo a breve lembrança do movimento visto anteriormente. E, então ela chegou até mim, com seu olhar explosivo e cheio de alegria, nossa professora R ( pedirei autorização para pôr o nome da mesma). Dizendo que eu perdi o trote. Simultaneamente eu entendi tudo. Minha nossa! Eram vocês no sinal!! Fiquei pasma porque por vezes enquanto os procurava ficava a lembrança deles todos pintados. E ela: Era para você estar lá!! 
Sim perdi um dia importante! 
Na aula seguinte conheci meus colegas de turma e foi bem incrível. Pois nunca vi tantas pessoas interessantes, criativas e enérgicas compartilhando o mesmo amor. Cada um tão único ao seu modo. Cantores, dançarinos, desenhistas, escritores, artistas! Senti pela primeira vez depois de toda essa jornada, que entrei em meu mundo. O lugar em que posso ser eu e não preciso ter medo de ser. Agora serei eu também parte de um todo que mostrará seu rosto, criando e interpretando. Finalizo essa carta de apresentação mencionando- O passado foi passado. Hoje não preciso lamentar o passado pois percebi que ele foi parte de um tempo cuja essência foi aprender a vencer barreiras. As barreiras que se formam continuamente para que possamos crescer como seres humanos e encontrarmos nossos próprios caminhos. De agora em diante é criar e sugar tudo o que pudermos enquanto vivos. Levando a arte o mais longe que nossos passos consigam chegar, seja com a expressão, com a voz, através da letra ou do belo som de um violão. Pois as pessoas consciente ou inconscientemente necessitam dessa magia para descobrir a beleza da vida.

Att.: Sami Cassiano