quarta-feira, 4 de maio de 2016

Ausencia e Adaptação

Aula de Jogos Teatrais

Vila Velha - ES em 04 de Maio de 2016

Poucos alunos apareceram, ou pelo menos aqueles que teriam as cenas do inicio da peça. Assim, foi nos aconselhado contar novamente a história em roda, cujo participante iniciava e parava no meio da sílaba de determinada palavra para que o próximo desse continuidade. A diferença referente à espontaneidade e criatividade foram nítidas. Apenas os que chegaram posteriormente no curso não conseguiram completar e seguir a regra como era pedido. 
Depois de muita descontração e risadas, resolvemos dar andamento no ensaio mesmo na ausência de parte do elenco. Acredito que uma das ideias mais engraçadas e criativas foi a da "esteira rolante humana". E, umas das piores, foi a do gorila, por ficar escondida na lateral, não digo isso por ter sido referente ao improviso do meu grupo e sim por sabermos como funciona nosso little monstrinho César. Sem espaço para o movimento cuja regra principal era frente e volta, claro, não sou diretora e também não tinha outra sugestão para aquele momento, resumindo, fizemos como nos foi solicitado. Mas com toda certeza houve sintonia. Ás vezes surgem situações em que todos temos opiniões totalmente diferentes, então acreditar no olhar do diretor principalmente respeitando toda sua trajetória de experiência é algo muito importante.
Abaixo há o vídeo dos barbixas, no qual tomamos para nós a regra de jogo.


Acredito que há algo ainda em desenvolvimento em todos nós, como por exemplo essa cenicidade, essa teatralidade. Se analisarmos não apenas esse vídeo mas também outros voltados para peças, percebemos que a expressão e gestos do ator são fundamentais para explicar o a situação. Percebo nesse vídeo também a utilização dos ruídos que costumamos treinar bastante e que não levamos para o palco, como por exemplo, o ranger da porta, que criou a comicidade, a dilatação fica entre aquele esboço comentado em grupo, parece que ele limita e depois deixar explodir ou expandir o efeito de externalizar não apenas através dos movimentos, mas também das expressões e diversificados sons como ruídos do cotidiano.
Barba, ao tomar como exemplo em suas pesquisas o teatro oriental, fala sobre a dinâmica das oposições  e o uso da incoerência coerente, como umas das linhas de ação que sugerem o trabalho típico do cotidiano, assim, sua economia no comportamento (minimizando) ou excesso (dilatando) acaba nos levando inconscientemente para o extracotidiano. (p. 54)
Na cena acima do programa Quinta Categoria da MTV, conseguimos observar uma nítida diferença nos improvisos de ambos os grupos, Barbixas e Quinta Categoria. Tatá Werneck consegue captar muito rápido as informações cotidianas. O jogo com a rima coloca em pauta o desconforto, no qual Bogart menciona em seu livro a Preparação do Diretor. O desconforto gera a vibração de nossas partículas e a entrega da primeira palavra que vem em mente torna possível o inimaginável, gerando criatividade e tornando possível a brincadeira. O que me retoma por exemplo o que fizemos no início da aula, sobre o jogo de continuidade da história a partir da quebra de sílabas. A desconstrução renova e gera novas possibilidades.

Att.: Sami Cassiano

Referências

BOGART, Anne. A Preparação do Diretor. Ed. São Paulo, 2011.
BARBA, Eugenio/ SAVARESE, Nicolas. A Arte Secreta do Ator. Ed. Hucttec- UNICAMP, 1995

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