terça-feira, 24 de maio de 2016

Caos ou Cansaço

Aula de Voz I

Vila Velha- ES em 24 de Maio de 2016

Dilata Sullivan


Em síntese, a linguagem vocal, assim como também "a música, (...) oferece muitos exemplos notáveis de hibridação" (Burke, 2003, p. 32 apud Santos p. 31)

A música tem o poder de tocar nossos corações, tem o poder de gerar sensações, trazer lembranças e até mesmo esperança, então há algo mais interessante do que utilizar- se da música para conseguir gerar a fala interna?


Hoje, devido à quarta acústica, muitos dos componentes não apareceram, e isso inclui o Allan que puxa o Blues. Pois estavam ensaiando arduamente para dar o seu melhor na quarta acústica. Mas seguimos firmes e criamos nosso próprio som. Claro que não foi na mesma qualidade pois quem me dera ter uma voz linda para cantar, mas valeu a nossa intenção. Levei meu objeto de estranhamento e o utilizei; apesar de tê- lo feito para ficar ajustado ao meu óculos, ainda estou tendo um pouco de dificuldades. Eu até poderia utilizar sem o óculos, mas me sinto mal, porque fico pulando e a máscara gera uma certa tensão claustrofóbica quando estou sem os mesmos. Acho que estava bem ativa nessa aula. mas vejo que o pessoal parece ter muito medo de aparecer. por exemplo, nos momentos que ficamos no palco fazendo as brincadeiras, percebo a maioria amontoada na parte de trás, deixando boa parte da frente vazia. E isso não ocorre somente na aula de voz, então eu corro pra frente e imagino que há alguma criança rindo e começo a brincar. Mas me sinto um pouco incomodada de não sair daquela parte porque nossos colegas não vão para frente. Bem, pode ser uma transição de fase, todos temos nossos medos e nossos erros, mas temos que aprender a encarar  a tempo. 
Sobre nossa grande roda em torno do público posso dizer que ficou linda, exceto pelos imensos espaços que todos nós continuamos deixando. Precisamos também treinar mais as músicas, dessa vez senti que conseguimos cantar mais as cantigas, quanto às marchinhas,... quase não escutamos as vozes uns dos outros.
Segundo Souza
No que diz respeito às tendências teatrais, performances e poesias sonoras mais recentes, observamos que voz, texto e ruídos se misturam na ideia de paisagem sonora. Especificamente na cena teatral pós- dramática, encontramos o que Lehmann, chamou de peça paisagem, na qual texto, voz e ruído se misturam na ideia de paisagem sonora. (p. 31) 
Essa peça paisagem parece se construir ao longo do processo do medo frente ao terror, com todos juntos há apenas aquele algo imaginário em nossa frente, porém forte o bastante para para gerar essa tensão entre o caos e o medo. As vozes geram o recorte de vários momentos. Gritos, sussurros e o surdo como portal entre o espaço-tempo nos leva à batida para acordar. A quebra é feita com uma das mais lindas canções de ninar e começa a acordar aos poucos as crianças de seus pesadelos.

Se essa rua 
Se essa rua fosse minha
Eu mandava 
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas 
Com pedrinhas de brilhante
Para o meu 
Para o meu amor passar...


O Jack protege as crianças do Breu, então não há o que temer! Tenhamos o brilho de acreditar como as crianças e assim todo o resto surgirá como a água fluindo livremente ao caminho da cachoeira, às vezes a graça está em deixar nosso lado criança ali sempre guardado para aparecer em momentos como esse.

Att.: Sami Cassiano

Referências

SOUZA, Cristiane dos Santos. Reflexões Sobre o Hibridismo Vocal em Performance. Ed. Urdimento, 2014.


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