quarta-feira, 11 de maio de 2016

Política do E por OU

Jogos Teatrais I

Vila Velha- ES, em 11 de Maio de 2016

Fatos sobre essa aula.
1. Falta de comprometimento geral;
2.Falta de poética;
3.Entender quando é necessário parar;
4. Confiar no olhar do diretor.



Bem, essa aula não foi das melhores e posso isso escolhi essa cena que é uma de minhas preferidas de HeartStrings, aonde é criado uma expectativa em torno de algo, que no final não dá certo. Acredito que chegamos num ponto em nossa turma que provavelmente uma conversa com todos, para descontrair ou gerar impulsos criativos seria uma ótima opção. Isso porque tenho sentido ultimamente climas diferentes, eu não sei afirmar se isso é totalmente comum ou não, sabe, essa história de quem é melhor ou de que possa haver panelinhas... Pode ser uma tendência do curso e não somente nesse curso mas em quaisquer outros. Nós procedemos no ensaio para a peça "Sente- se quem puder", mas durante os improvisos a Rejane informou que não havia mais explosão como antes. E que precisávamos pensar o quanto antes o que fazer, o que mudar, para salvar a peça. O detalhe é que mesmo mudando, já havíamos feito toda uma preparação e divulgação da peça. Logo, eu imaginei que criaríamos uma alternativa dentro do jogo que segurasse os improvisos e que gerasse novamente a explosão que tanto procuramos. Mas, não foi bem assim que ocorreu. Depois de certos stress decidimos parar a aula, fazer uma grande e discutir o assunto. Cada um foi dando sua opinião e se não me engano, PH sugeriu que fizéssemos os jogos de improvisos no lugar da peça. Praticamente todos foram contra, mas Rejane gostou da ideia. Quanto a mim, não digo que fiquei em cima do muro, apenas imaginei e por que não fazermos os improvisos? A peça ficaria linda com certeza, isso "SE", houvesse mais comprometimento de todos os grupos e me incluo nisso, se houvesse mais ensaios e "ORGANIZAÇÃO". Eu não precisei ser professora para ver na hora o quanto estava faltando de nossa parte, sem poética, sem chegarmos à vulnerabilidade em palco, tirando assim a beleza do improviso. Eu costumo ter um sério defeito, por vezes fico louca de vontade para desenvolver uma ideia, mas quando estou em grupo e sinto que tudo deve ser pelo grupo, eu perco muito desse desejo próprio e priorizo o grupo, priorizo acima de tudo o que possa ficar belo aos olhos de quem realmente tem que ficar, e nesse caso é o público. E, quando vi o olhar de Rejane, entendi... temos que mudar. Então, resolvi falar a favor de PH e contribui informando que poderíamos por exemplo, encontrar sempre um modo de colocar a cadeira em pauta nos improvisos e isso seria uma forma de não abandonar todo o trabalho em cima da divulgação. Mas, essas ideias soaram como o fim do mundo para a turma. Imediatamente, começou a confusão. Pessoas falavam, "eu não vou fazer", "eu não estou preparado" ou "Vai ficar uma merda" e "Só favorecerá aqueles que já são bons no improviso". Eu não me sinto boa no improviso, mas quando vi toda energia negativa, decidi que já passou do tempo de me soltar, de deixar minha voz ecoar,... Há uma Samires que eu sei que existe e estou louca à busca dela, porque se há algo que não costumo aceitar é no "impossível" ou no "não vai dar certo". Então vendo aquilo pensei que não é questão de PH aparecer mais ou Diogo ser excelente, é questão de um pouco mais de experiência e é questão de encontrar no medo as respostas. A questão toda é que a briga não terminou quando a aula acabou, a Rejane precisou conversou durante um longo tempo com todos. E depois de muita discussão, deixaram apenas a voz de Rejane ecoar. Seria realmente essa a hora de sentar para conversar, o que ela pediu para fazermos na próxima não foi improvisar e sim fazer um brainstorming de situações e ler um texto que falava sobre essa TAL TIMIDEZ. Você estar se perguntando por que eu coloquei o tema sendo pelítica do E por OU? Bem, a política do "E" é referente ao artigo de Rejane, cujo tema é Arranjo e Enquadramento na Política do "E": Por uma Pedagogia do Teatro Híbrida, e, o OU que coloquei foi como uma quebra do que seria adicionar e lidar com o problema pelo trocar como solução do problema. Fiz essa controvérsia porque parei para refletir mesmo depois dessa aula. Eu refleti sobre até que ponto deveríamos agregar o E como adição híbrida e o ponto em que teríamos de mudar tudo desde o início. Porque chegamos nesse ponto? Há uma forma de recuperar essa tensão, essa incidência que gera a poética quando junta ao enquadramento? E quanto à mudança? Nesse estágio essa mudança não seria um tudo ou nada? As vezes um obstáculo pode ser a faísca de uma centelha, pode ser o princípio de uma explosão. Acho que nossa turma ainda encontra- se muito limitada à zona de conforto. Eu não sei como é o olhar dos meus amigos quanto à esse curso. Mas o meu é, sim vamos tentar, sim vamos criar, .. eu não costumo falar isso para o meu marido porque ele é maravilhoso, mas esse curso é minha vida. Isso porque percorri e ultrapassei várias barreiras para chegar aqui e ajudar a fazer acontecer. A sensação de fazer arte e de estar num palco é algo do qual posso dizer que se me tirassem, eu poderia adoecer, viver infeliz o resto de minha vida... Então penso que ao invés de criar um problema numa situação como essa, poderíamos gerar soluções, como ninguém gerava situações plausíveis e PH gerou, então ótimo, é realmente uma ótima solução. Vamos brincar com o público, vamos interagir com o público. Isso é lindo! Bogart, em " A Preparação do Diretor", menciona algo muito interessante sobre a participação:

A questão é tentar dizer alguma coisa quando se está num momento de indefinição, mesmo que você não saiba direito o que dizer. Fazer uma observação. Ficar em silêncio, evitar a violência da articulação diminui o risco do fracasso, mas não permite a possibilidade de avanço.
Tem medo demais do futuro
Ou méritos muito miúdos
Quem não ousa jogar duro
Para ganhar ou perder tudo. (p. 55)



Referências

ARRUDA, Rejane. Arranjo e Enquadramento na política do "E": Por Uma Pedagogia do Teatro Híbrida. 2015
BOGART, Anne. A Preparação do Diretor. São Paulo, 2011.

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